Campanha em julho alerta sobre riscos das hepatites virais silenciosas
Com mais de 700 mil casos registrados no Brasil, doenças exigem prevenção constante e diagnóstico precoce para evitar complicações
Por Plox
28/07/2025 11h44 - Atualizado há 4 dias
Durante o mês de julho, quando se celebra o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28/07), as campanhas de saúde ganham fôlego em todo o Brasil para alertar sobre a gravidade e a prevenção dessas doenças, que continuam a desafiar o sistema de saúde pública. Embora tenham avançado os recursos de diagnóstico e tratamento, as hepatites virais ainda afetam milhares de brasileiros — muitos deles sem saber que estão infectados.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2022, o país contabilizou mais de 700 mil casos confirmados de hepatites virais, sendo os tipos B e C os mais frequentes, com aproximadamente 260 mil e 270 mil registros, respectivamente. A ausência de sintomas visíveis é uma das maiores armadilhas da doença, que pode evoluir para complicações graves como cirrose e câncer no fígado.
A médica hepatologista Nicoly Eudes, da Fundação São Francisco Xavier, alerta para a importância da testagem mesmo quando não há sintomas aparentes.
“As hepatites virais muitas vezes são silenciosas, não ocasionando nenhum sinal ou sintoma. Daí a importância da realização de testes diagnósticos”, reforça a especialista.
A transmissão das hepatites ocorre de formas distintas: a hepatite A, por exemplo, é disseminada pela via oral-fecal, por meio de alimentos e água contaminados ou falta de higiene e saneamento. Já os tipos B e C têm como principais vias de infecção o contato com sangue contaminado e relações sexuais sem proteção. O uso compartilhado de seringas, lâminas de barbear, alicates de unha, bem como procedimentos como tatuagens e piercings em locais sem biossegurança adequada, também representam riscos relevantes.
Para se prevenir, hábitos simples fazem toda a diferença. Segundo a Dra. Nicoly, é essencial lavar bem as mãos, higienizar corretamente os alimentos, consumir apenas água potável e evitar comidas cruas de procedência duvidosa, no caso da hepatite A. No que diz respeito às hepatites B e C, o uso de preservativos e o não compartilhamento de objetos cortantes são indispensáveis. Vacinas eficazes estão disponíveis para os tipos A e B, mas a vigilância no dia a dia continua sendo fundamental.
No aspecto do tratamento, a hepatite A não exige medicação específica e é combatida com repouso e hidratação. Já os tipos B e C contam com medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS. O tratamento da hepatite C, em especial, representa um grande avanço, com taxas de cura que ultrapassam os 95%.
No Hospital Márcio Cunha, mantido pela Fundação São Francisco Xavier, os exames de sangue e testes diagnósticos específicos estão disponíveis à população, permitindo o início rápido do acompanhamento necessário. Além disso, a rede pública de saúde oferece testes rápidos de forma gratuita nos postos de atendimento.
A Dra. Nicoly reforça o apelo à população:
“Procure um posto de saúde, faça seu teste. Com o avanço da medicina, os tratamentos atuais apresentam altas taxas de respostas e, quando realizados de forma precoce, protegem seu fígado contra a cirrose e o câncer. Não tenha medo. Vamos juntos na luta contra as hepatites virais”
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A Fundação São Francisco Xavier, criada em 1969, é uma entidade filantrópica com forte presença em Minas Gerais. Com cerca de 6.200 colaboradores, administra o Hospital Márcio Cunha, que realiza aproximadamente 70% dos atendimentos pelo SUS, em Ipatinga, e o Hospital Municipal Carlos Chagas, que opera integralmente pelo SUS, em Itabira. Além disso, é responsável pela Usisaúde — operadora de planos de saúde com mais de 200 mil vidas —, pelo Centro de Odontologia Integrada e pelos serviços Vita de saúde ocupacional e meio ambiente, que atendem a mais de 160 mil pessoas.
Na área educacional, a Fundação mantém o Colégio São Francisco Xavier, localizado em Ipatinga, que é referência regional em ensino, atendendo cerca de 2 mil alunos da educação infantil ao ensino técnico.