Jovem mineiro morre na Ucrânia após ser recrutado por rede de aliciamento nas redes sociais

Gabriel Pereira, de 21 anos, foi enviado ao front de guerra com tropas russas após aceitar proposta feita pela internet; corpo ainda não foi localizado e família cobra providências

Por Plox

28/07/2025 14h56 - Atualizado há 4 dias

A morte de Gabriel Pereira, jovem mineiro de 21 anos, levanta um alerta sobre esquemas de aliciamento para missões de combate na Ucrânia que ocorrem por meio das redes sociais. Recrutado no início de 2025 com promessas de 'turismo de guerra', ele morreu em confronto armado próximo à fronteira com a Rússia.


Imagem Foto: Rede Social


Segundo relatos da família, Gabriel foi atraído por perfis que ofereciam suporte para emissão de passaporte e orientação sobre como chegar ao front, mas exigiam sigilo total dos aliciados. Ele saiu de Belo Horizonte em março, com destino a Varsóvia, na Polônia, e de lá seguiu para Kiev, capital ucraniana, onde deveria passar por processos burocráticos com o exército. No entanto, foi encaminhado diretamente para o front sem treinamento prévio.



Gabriel mantinha contato com os parentes até o dia 3 de julho, quando avisou que embarcaria em uma missão em Izium, cidade a cerca de 620 km de Kiev e próxima à fronteira russa. Na última mensagem, informou que ficaria incomunicável por um mês. O silêncio prolongado e a ausência de respostas aumentaram a angústia dos familiares, que souberam da morte do jovem apenas por meio de contatos indiretos e listas divulgadas por perfis russos.


A confirmação veio em 21 de julho, quando um amigo, que havia retornado ao Brasil antes da missão, entrou em contato com combatentes que permaneceram na Ucrânia. O Itamaraty, por meio das embaixadas em Kiev e Moscou, afirmou que está à disposição para prestar assistência consular, mas a burocracia trava o processo, já que o governo ucraniano ainda não reconheceu oficialmente a morte de Gabriel.



De acordo com a família, Gabriel havia assinado um contrato prevendo o translado do corpo em até 45 dias após o falecimento. No entanto, com a ausência de confirmação formal, os trâmites seguem paralisados. Os parentes também denunciam a negligência dos governos envolvidos e alertam que o esquema afeta outros brasileiros e latino-americanos, enviados ao front com falsas promessas e sem preparo adequado.


Além disso, há relatos de que os passaportes dos recrutados são frequentemente retidos, o que dificulta a identificação em caso de morte e compromete a repatriação. João Victor Pereira, irmão de Gabriel, relatou que o jovem chegou a ir para a última missão mesmo com um braço quebrado e foi visto pela última vez ao lado de Gabriel Lemos, outro brasileiro, de Santa Catarina, que também morreu em combate.



A família agora luta para trazer o corpo de Gabriel de volta ao Brasil, buscando apoio institucional para encerrar um capítulo marcado por dor, incertezas e promessas não cumpridas.


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