Senadores iniciam ofensiva nos EUA para tentar barrar tarifaço de Trump

Na reta final para tentar evitar os impactos de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, oito senadores embarcaram rumo aos Estados Unidos, onde cumprem, a partir desta segunda-feira (28), uma agenda intensa em Washington, com encontros marcados até quarta-feira (30). O objetivo é claro: convencer o governo americano a adiar, ou até mesmo desistir, da medida que pode prejudicar fortemente a economia nacional.

Foto: Agência Senado

A missão ocorre na semana decisiva antes da entrada em vigor da chamada sobretaxa de Trump. O presidente americano, em uma entrevista coletiva concedida na Escócia no último domingo (27), reiterou a inflexibilidade de sua decisão, afirmando que "o 1º de agosto é para todos", reforçando que não há margem para negociação ou adiamento.

A comitiva é formada por nomes de diferentes partidos, incluindo parlamentares que já integraram o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Estão na delegação os senadores Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (Republicanos-SP), que chefiaram os ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia, respectivamente. Além deles, participam Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores; Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Fernando Farias (MDB-AL); Rogério Carvalho (PT-SE); Esperidião Amin (PP-SC); e Carlos Viana (Podemos-MG).

Parte dos senadores chegou aos Estados Unidos já no sábado, com o intuito de viabilizar reuniões bilaterais e paralelas à agenda principal. Carlos Viana, representante de Minas Gerais na missão, confirmou contatos com lobistas ligados ao Partido Republicano na Flórida, na tentativa de fortalecer a interlocução política e abrir caminhos para uma reavaliação da medida tarifária.

Mesmo antes da declaração de Trump, o próprio secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, já havia se posicionado contra qualquer tipo de recuo. Ele afirmou que a imposição da tarifa seria mantida como planejado e que não haveria espaço para adiamentos, o que aumentou a pressão sobre a comitiva brasileira.

"O 1º de agosto é para todos", declarou Donald Trump, encerrando expectativas de recuo sobre a tarifa.

A missão parlamentar brasileira acontece em um momento de alta tensão nas relações comerciais entre os dois países e visa proteger setores estratégicos da economia nacional. A decisão de Trump atinge não apenas o Brasil, mas dezenas de nações, o que amplia o impacto da medida globalmente.

Os senadores esperam que, com pressão política direta e articulação nos bastidores, possam ao menos postergar os efeitos da tarifa, ganhando tempo para um entendimento diplomático mais amplo. No entanto, a rigidez do posicionamento americano indica que a tarefa será desafiadora e pode não surtir o efeito desejado antes do prazo final.