Trump inicia tarifaço com acordos parciais e Brasil na mira
Países como Reino Unido, Japão e União Europeia conseguiram reduzir tarifas com os EUA, enquanto Brasil enfrenta alta de até 50%
Por Plox
28/07/2025 07h44 - Atualizado há 5 dias
O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciou oficialmente que as tarifas comerciais negociadas nos últimos meses entrarão em vigor no dia 1º de agosto. A confirmação foi feita no domingo (27) pelo secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, que assegurou que não haverá possibilidade de adiamento.

No mesmo dia, Trump firmou um novo pacto com a União Europeia, estabelecendo uma tarifa de 15% sobre as exportações do bloco, o que representa uma redução expressiva frente aos 30% que vinham sendo aplicados. A medida faz parte da estratégia norte-americana de redesenhar sua política comercial e diminuir o déficit da balança comercial do país.
Outros países também conseguiram firmar acordos para evitar as pesadas tarifas previstas inicialmente. O Japão, por exemplo, viu sua alíquota cair de 25% para 15%, embora as tarifas sobre aço e alumínio permaneçam nos mesmos níveis anteriores. A Indonésia também obteve êxito: seus produtos agora entrarão no mercado americano com um imposto de 19%, abaixo dos 32% anteriores.
Filipinas e Vietnã conseguiram aliviar parte da pressão tarifária. Os produtos filipinos serão taxados em 19%, ao passo que os vietnamitas enfrentarão 20% — antes, a previsão era de 46%. No caso de mercadorias que passam pelo Vietnã, mas são originárias de outros países, será aplicada uma taxa de 40%.
O Reino Unido fechou um acordo mais vantajoso: a tarifa base para produtos britânicos foi fixada em 10%, além da isenção total de tributos para itens aeroespaciais dentro da cota combinada. Já a China teve um recuo nas tensões após uma trégua: os EUA estabeleceram uma tarifa-base de 30% em vez dos 145% anteriormente anunciados.
A lista de negociações continua. Os Estados Unidos estão em conversas com a Índia, que busca reduzir suas tarifas para menos de 20%, enquanto considera diminuir taxas sobre produtos agrícolas americanos. A Coreia do Sul deve apresentar um pacote comercial que envolva cooperação em construção naval e redução das tarifas atuais de 25%.
Argentina, por sua vez, trabalha para reverter a taxação sobre suas exportações siderúrgicas. O país busca isenção para 80% do comércio bilateral. Também estão em negociação a Malásia, que tenta baixar suas tarifas abaixo dos 20%; Taiwan, que enviou uma delegação comercial a Washington; e Bangladesh, que aposta na compra de 25 aviões da Boeing como gesto para evitar um imposto de 35%.
Enquanto isso, o Brasil ainda não conseguiu formalizar um acordo com o governo norte-americano. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, tem liderado as tentativas de negociação e propôs dobrar o comércio bilateral em cinco anos.
“O Brasil nunca saiu da mesa de negociação. Não criamos o problema, mas queremos resolver”, disse Alckmin, ressaltando a atuação direta do presidente Lula no diálogo com os EUA.
Mesmo com os esforços, a relação diplomática segue incerta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que as conversas com o governo americano se mantêm em nível técnico, sem acesso direto ao secretário do Tesouro, Scott Bessent. Segundo ele, as decisões estão centralizadas na Casa Branca, sob o comando de Trump.
Apesar de toda a movimentação, o Brasil poderá ser um dos países mais afetados com a nova política tarifária americana. O país está sujeito à maior alíquota até agora divulgada: 50% sobre seus produtos exportados aos Estados Unidos.