Motorista de aplicativo hesita em voltar a dirigir após agressão em Contagem
Vítima de 27 anos sofreu fratura facial e agressão supostamente motivada por intolerância religiosa; ela conta os momentos de terror vividos.
Por Plox
28/08/2023 07h28 - Atualizado há quase 2 anos
Ainda em processo de recuperação após sofrer uma fratura facial e diversos hematomas pelo corpo, Mariana Fidelis, uma motorista de aplicativo de 27 anos, expressou dúvidas sobre seu retorno à profissão após ser brutalmente atacada por um casal de passageiros em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A agressão teria sido instigada por comentários intolerantes relacionados à religião.

Em suas palavras durante uma entrevista concedida a O TEMPO, Fidelis comentou: "Pelo menos por agora, eu não penso em voltar (a dirigir por aplicativo). Foi um trauma tão grande. E ele saiu pela porta da frente da delegacia. Não é só físico, o meu emocional também está bem abalado. Eu não consegui sequer pegar o meu carro na frente da UPA, trouxeram ele para mim."
Desencadeamento da violência
Mariana relata que a corrida teve início no bairro Glória, com destino ao Novo Eldorado. Ela percebeu que os passageiros, um homem de 25 anos e uma mulher de 22 anos, já pareciam alterados, possivelmente devido ao álcool. "Ouvi ela falar 'crente de rabo quente', e desliguei o som. Perguntei se ela queria que encerrasse a corrida. Foi quando começaram as ofensas", disse a motorista. Ela parou em frente à UPA JK devido ao desconforto e por se sentir insegura.
Os eventos escalaram quando Mariana foi brutalmente atacada pelo casal. Por sorte, um morador de rua e um guarda municipal intervieram para protegê-la. O guarda municipal, ao perceber a gravidade da situação, chegou a apontar sua arma para o agressor.
Versões contraditórias
O casal, ao ser encaminhado à delegacia, apresentou uma versão diferente dos eventos. A mulher alegou que sua conversa sobre um amigo "que se diz crente" foi mal interpretada por Mariana, levando a um desentendimento. O homem acrescentou que, após descerem do carro, Mariana teria iniciado a agressão contra sua namorada, e ele apenas interveio.
No entanto, os guardas municipais que chegaram ao local após ouvirem gritos de socorro descreveram um cenário diferente. Segundo eles, Mariana estava sendo violentamente atacada pelo casal.
A Polícia Civil, após tomar os depoimentos, emitiu um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para o casal, que foi liberado com a condição de comparecer a uma audiência judicial futura.