Rússia alerta para riscos de Terceira Guerra Mundial
Ministro das Relações Exteriores da Rússia, afirmou que o Ocidente está intensificando o conflito na Ucrânia e alertou que uma Terceira Guerra Mundial não se limitaria à Europa
Por Plox
28/08/2024 11h07 - Atualizado há 7 meses
Nesta terça-feira (27), a Rússia alertou os Estados Unidos sobre os riscos de uma escalada global do conflito na Ucrânia, destacando que a Terceira Guerra Mundial poderia se estender além da Europa. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de "brincar com fogo" ao considerar permitir que a Ucrânia utilize mísseis ocidentais para ataques profundos em território russo. “Estamos confirmando mais uma vez que brincar com fogo — e eles são como crianças pequenas brincando com fósforos — é algo muito perigoso para tios e tias adultos que são encarregados de armas nucleares em um ou outro país ocidental”, disse Lavrov a repórteres em Moscou.

Ataque a Kursk e resposta russa
A tensão aumentou após um ataque ucraniano à região de Kursk, na Rússia, em 6 de agosto, considerado o maior ataque estrangeiro ao território russo desde a Segunda Guerra Mundial. O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu uma resposta "digna" da Rússia. Lavrov enfatizou que o Ocidente estava "procurando problemas" ao cogitar a flexibilização das restrições ao uso de armas fornecidas à Ucrânia, destacando que a Rússia estava revisando sua doutrina nuclear, que prevê o uso de armas nucleares em resposta a ataques com armas de destruição em massa ou quando a própria existência do Estado estiver ameaçada.
Posição da Ucrânia e apoio ocidental
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky minimizou as ameaças de retaliação da Rússia, classificando-as como um blefe, e pediu aos aliados que tomem decisões mais ousadas no apoio a Kiev. Ele destacou que as restrições impostas pelos aliados limitam o uso de armas disponíveis para atingir alvos militares russos. O Kremlin, por sua vez, afirmou que a Ucrânia usou armamentos ocidentais, incluindo tanques britânicos e sistemas de foguetes dos EUA, nos ataques em Kursk, e que Kiev confirmou o uso de mísseis dos EUA para destruir pontes na região.
Suspeitas de envolvimento dos EUA e Reino Unido
Moscou expressou desconfiança em relação às declarações ocidentais de que não estavam envolvidos no ataque a Kursk. O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, descreveu o envolvimento dos Estados Unidos como “um fato óbvio”. Além disso, o chefe de inteligência estrangeira de Putin, Sergei Naryshkin, questionou a veracidade das alegações ocidentais de não participação no ataque. Reportagens do New York Times indicaram que os Estados Unidos e o Reino Unido forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk nos dias seguintes ao ataque, com o objetivo de ajudar Kiev a monitorar os reforços russos. Washington, no entanto, negou ter sido informado dos planos ucranianos antes da incursão surpresa e afirmou que não participou da operação.
Contexto da doutrina nuclear russa
A doutrina nuclear russa estipula que o uso de armas nucleares seria considerado em resposta a um ataque nuclear ou outras formas de destruição em massa, ou ainda no caso de uma ameaça existencial ao Estado. Lavrov reforçou que os Estados Unidos associam erroneamente a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial como um conflito restrito à Europa, alertando para as graves consequências globais de uma escalada.