Brasil amplia vacinação contra HPV, mas adesão de adolescentes ainda é baixa

Cobertura entre meninas de 9 a 14 anos chega a 82%, enquanto jovens de 15 a 19 anos seguem pouco imunizados

Por Plox

28/08/2025 07h03 - Atualizado há 5 dias

O Brasil ultrapassou a média global de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), vírus responsável por diversos tipos de câncer, como o de colo do útero. Dados do Ministério da Saúde indicam que 82% das meninas entre 9 e 14 anos já receberam a vacina, enquanto a média mundial é de apenas 12%.


Imagem Foto: Rede Social


Esse avanço contribui para o compromisso assumido com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê atingir 90% de cobertura vacinal nessa faixa etária até 2030, como parte da meta de erradicar o câncer de colo do útero.


Além da vacinação das meninas, o Brasil ampliou o público-alvo para incluir os meninos. Em dois anos, a imunização entre eles subiu de 45,46% para 67,26%. Contudo, o país ainda enfrenta desafios para alcançar adolescentes mais velhos.



Em 2024, o Ministério da Saúde identificou cerca de 7 milhões de jovens entre 15 e 19 anos que ainda não tinham sido vacinados. Para reverter esse quadro, uma campanha de resgate foi iniciada em fevereiro de 2025, priorizando 2,95 milhões de adolescentes em 121 municípios com maior proporção de não vacinados. Até 21 de agosto, apenas 106 mil jovens dessa faixa etária haviam sido imunizados.


Com estados como São Paulo e Rio de Janeiro começando a adotar medidas de resgate em agosto, a expectativa do governo federal é de aumento na adesão. No Rio, por exemplo, estima-se que 520 mil adolescentes ainda não tenham recebido a dose.



A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) demonstrou preocupação com os números. O pediatra Juarez Cunha, diretor da entidade, aponta a falta de informação como o principal entrave à adesão. Para ele, é necessário utilizar ferramentas de comunicação mais eficazes para alcançar esse público e reforçar a confiança na vacina.


Cunha destaca ainda a complacência da população como um obstáculo: “É a falsa sensação de segurança com doenças que as pessoas nunca viram, não conhecem e acham que não precisam se vacinar”, afirma.


Pesquisa da Fundação do Câncer revela que entre 26% e 37% dos jovens desconhecem que a vacina contra o HPV previne o câncer de colo de útero. Entre os adultos responsáveis, esse percentual chega a 17%.


Para melhorar os índices, o especialista defende campanhas com horários estendidos e presença de profissionais preparados para esclarecer dúvidas, além de maior articulação entre autoridades, instituições médicas e a sociedade civil.



Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o HPV é responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo do útero. De 2023 a 2025, a estimativa é de 17 mil novos casos por ano no Brasil. A vacina também previne outros tipos de câncer relacionados ao vírus, como os de ânus, garganta, pescoço, pênis e verrugas genitais.


Indicada principalmente antes do início da vida sexual, a vacina é recomendada para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Desde 2014, o SUS já distribuiu mais de 75 milhões de doses, e a partir de 2024, a imunização passou a ser feita em dose única.


O tema será destaque na Jornada Nacional de Imunizações, evento da SBIm que ocorrerá entre 3 e 5 de setembro, em São Paulo. O Ministério da Saúde informa que vem reforçando parcerias com entidades científicas, ONGs e o Ministério da Educação, com ações em escolas e campanhas de conscientização.



A nova Política Nacional de Enfrentamento do HPV, sancionada em julho, reúne medidas para prevenção, diagnóstico e tratamento da infecção, reforçando o esforço do país em ampliar a cobertura vacinal e reduzir os impactos do vírus.


Destaques