Gaza já registra mais jornalistas mortos que duas guerras mundiais juntas
Ao menos 246 profissionais da imprensa morreram desde o início do conflito entre Israel e Hamas; número supera total de mortos nas duas grandes guerras
Por Plox
28/08/2025 07h54 - Atualizado há 6 dias
O conflito armado entre Israel e o grupo Hamas, iniciado em outubro de 2023, já representa o cenário mais letal para profissionais da imprensa desde o início dos registros históricos.

Segundo dados do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, até agosto de 2025, pelo menos 246 jornalistas morreram na Faixa de Gaza enquanto exerciam suas funções, além de outros 520 que ficaram feridos. A organização também registra cerca de 800 familiares de jornalistas mortos durante os ataques.
O número de mortos em Gaza já ultrapassa o total de profissionais da mídia mortos em sete outros conflitos somados, incluindo as guerras Civil Americana, da Coreia, do Vietnã, da Iugoslávia, do Afeganistão e as duas Guerras Mundiais, que juntos contabilizam 229 mortes. A análise foi feita por pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, e divulgada em abril deste ano.
Ainda que não seja possível afirmar que este seja o conflito com o maior número absoluto de jornalistas mortos no mundo — já que conflitos como os da Síria e do Iraque apresentam números elevados e difíceis de contabilizar com precisão —, a intensidade e frequência das mortes em Gaza têm chamado atenção. Enquanto no Iraque a média de mortes de jornalistas é de 13 por ano desde 2003, em Gaza, entre outubro de 2023 e abril de 2025, essa média foi de 13 por mês.
A pesquisa também aponta que 98% dos jornalistas mortos em zonas de guerra em 2023 eram profissionais locais. A elevada concentração de repórteres palestinos em campo, dada a amplitude da cobertura jornalística no território, pode explicar parte do número elevado de vítimas.
Na última segunda-feira (25), cinco jornalistas palestinos morreram após bombardeios israelenses ao hospital Nasser, na Cidade de Gaza. O governo de Israel confirmou que as vítimas não eram membros do Hamas e classificou o episódio como um “acidente trágico”. Segundo o Exército israelense, o ataque visava desativar uma suposta câmera posicionada pelo grupo terrorista.
O Hamas contestou a justificativa, chamando-a de “infundada e sem qualquer evidência” e acusando Israel de tentar se esquivar da responsabilidade pelo que chamou de massacre.