Juros altos reduzem ritmo de empregos com carteira em 2025

Saldo de 1,3 milhão de contratações entre janeiro e julho é 10,4% menor que no mesmo período de 2024

Por Plox

28/09/2025 09h39 - Atualizado há 5 dias

Mesmo com saldo positivo na criação de empregos formais em 2025, o Brasil enfrenta uma desaceleração no ritmo de contratações, influenciado pela manutenção dos juros elevados. Entre janeiro e julho, o país registrou 1,3 milhão de admissões a mais que demissões, segundo análise das economistas Janaína Feijó e Helena Zahar, do FGV Ibre, com base nos dados do Novo Caged.


Imagem Foto: Rede Social


O número representa uma queda de 10,4% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o saldo havia sido de 1,5 milhão de vagas. Apesar da desaceleração, todas as cinco grandes atividades econômicas analisadas registraram mais contratações do que desligamentos. A única a superar o desempenho do ano anterior foi a agropecuária, impulsionada por uma supersafra.



De janeiro a julho, o setor agropecuário teve 109,2 mil contratações a mais que demissões, um crescimento de 32,3% em relação às 82,6 mil de 2024. Em contrapartida, os setores de serviços, indústria, construção e comércio apresentaram redução no ritmo de geração de vagas: -14,1%, -13,5%, -11,7% e -5,4%, respectivamente.



A economista Janaína Feijó explica que o cenário reflete uma desaceleração e não uma eliminação de empregos. Segundo ela, os juros altos, com a Selic fixada em 15% ao ano, impactam decisões de investimento e expansão de empresas, que acabam adiando novas contratações.


O setor da construção civil, por exemplo, teve saldo positivo de 177,3 mil vagas no período, mas esse foi o menor número desde 2020 e representou queda de 11,7% frente ao mesmo intervalo de 2024. A atividade foi a única a mostrar desaceleração em comparação tanto com 2024 quanto com 2023, indicando uma tendência mais persistente de perda de ritmo.



Fatores como escassez de mão de obra qualificada e o encarecimento do crédito imobiliário também dificultam a recuperação da construção. Profissionais têm migrado para setores considerados mais atrativos em termos de salário, jornada ou esforço físico, pressionando ainda mais a oferta de trabalhadores.


Além dos juros, Janaína aponta que o tarifaço dos Estados Unidos, em vigor desde agosto, também pode influenciar negativamente o mercado de trabalho no país. Ela ressalta, porém, que setores como comércio e serviços tendem a ganhar fôlego no fim do ano, enquanto a construção deve manter o ritmo lento, com menos admissões em dezembro.



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