Médico é preso por contaminar cerca de 900 crianças com HIV

O vírus teria sido transmitido por seringas reutilizadas. Mais de 1.100 pessoas já foram diagnosticadas com o vírus.

Por Plox

28/10/2019 11h57 - Atualizado há mais de 5 anos

Um médico foi preso por causar a contaminação de cerca de 900 crianças pelo vírus HIV na cidade de Ratodero, no Paquistão. Segundo testemunhas, Mazaffar Ghanghro cobrava por consultas particulares, além de trabalhar como clínico geral em um hospital da região.  

O surto veio à tona em abril deste ano, quando vários moradores da pequena cidade apresentaram simultaneamente forte febre que resistia aos medicamentos. A doença foi descoberta e o diagnóstico foi devastador: centenas de pessoas contraíram o vírus HIV, sendo elas uma quantidade predominante de crianças.

743976Foto: Reprodução

O caso foi divulgado por um jornalista local, Gulbahar Shaikh. Desde a descoberta, 1.100 cidadãos testaram positivo, ou seja, 1 a cada 200 habitantes da pequena cidade que tem cerca de 200 mil habitantes. Muitos desses habitantes fazem parte da fração mais pobre da população do país asiático. Entre os testados, cerca de 900 tinham menos de 12 anos.

O número pode ser ainda maior, pois apenas uma fração mínima da população realizou o teste para identificar se contraiu o vírus.

As autoridades começaram então a investigar o caso e logo descobriram que muitas das crianças infectadas visitaram o mesmo pediatra, Mazaffar Ghanghro. Ghanghro era o pediatra dos seis filhos de Imtiaz Jalbani, um operário.

Dos seis filhos de Jalbani, quatro contraíram o vírus. Seus dois filhos mais novos, Rida (14 meses) e Sameena (3 anos), faleceram. Jalbani disse ao “The New York Times” que ficou espantado ao ver o médico procurar uma seringa no lixo para tratar o seu filho Ali, de 6 anos, que também contraiu a doença. Segundo ele, ao questionar o médico, ele teria dito que Jalbani era pobre demais para pagar uma seringa nova.

“Ele disse ‘se não quer meu tratamento, procure outro médico’. Eu e minha esposa tivemos que passar fome para pagar o tratamento”, disse Jalbani ao “Times”.

Ainda de acordo com as informações, Ghanghro foi preso pelas autoridades e deve responder por negligência e por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. As autoridades paquistanesas também suspeitam e investigam outros médicos pela mesma prática. Ganghro ainda não foi condenado e, em entrevista ao “NY Times”, negou todas as acusações.

 

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