Política

Ex-diretor do INSS admite negócios com líder de esquema investigado pela PF

Alexandre Guimarães confirma à CPMI ter recebido mais de R$ 2 milhões de grupo ligado à fraude que gerou prejuízo bilionário à Previdência.

28/10/2025 às 06:51 por Redação Plox

O ex-diretor de Governança do INSS, Alexandre Guimarães, confirmou durante depoimento à CPMI do INSS, nesta segunda-feira (27), que manteve relações comerciais com Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Apontado pela Polícia Federal como líder de um esquema de desvios milionários no instituto, “Careca” é alvo das investigações que analisam a atuação de empresas de fachada para ocultação de recursos provenientes de aposentadorias e pensões.

Alexandre Guimarães, que atuou como diretor de Governança do INSS de 2021 a 2023, não hesitou em responder às indagações e reconheceu ter realizado transações com o “Careca do INSS”

Alexandre Guimarães, que atuou como diretor de Governança do INSS de 2021 a 2023, não hesitou em responder às indagações e reconheceu ter realizado transações com o “Careca do INSS”

Foto: TV Senado


Negócios sob suspeita

Segundo apuração da Polícia Federal, Guimarães teria recebido mais de R$ 2 milhões por meio de sua empresa, a Vênus Consultoria. O dinheiro veio de contratos fechados com firmas ligadas ao grupo comandado por “Careca”. De acordo com os investigadores, há indícios de que o padrão dessas transações se assemelha ao de outros casos identificados no inquérito, envolvendo simulação de serviços para movimentar valores de forma ilícita.

Cobranças e explicações à CPMI

Durante a sessão, o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar, questionou Guimarães sobre o vínculo com o grupo investigado. O ex-diretor respondeu que todos os pagamentos que recebeu referem-se a serviços legais de educação financeira prestados para a empresa Brasília Consultoria. Ele destacou que os trabalhos são documentados, totalizando ao menos 336 serviços registrados. Apesar disso, as justificativas apresentadas foram consideradas insuficientes por parte dos parlamentares presentes.

Nesse contexto, Guimarães reconheceu ter recebido indicação do próprio “Careca” para contratar o operador financeiro Rubens Oliveira Costa na abertura da Vênus Consultoria. O contador indicado, Alexandre Caetano, também atuava para empresas da organização suspeita de fraude, o que gerou desconfiança entre os membros da comissão.

Relações e encontros

O ex-diretor do INSS confirmou ter conhecido “Careca” ainda durante sua gestão no órgão, em 2021. Relatou também uma reunião com Wolney Queiroz, então deputado e atual ministro da Previdência, a qual, segundo Guimarães, ocorreu apenas para apresentação formal.

Durante o depoimento, Guimarães reforçou que não tinha acesso à área de benefícios do INSS, ficando restrito à gestão administrativa. Ainda assim, foi apontado por parlamentares como integrante de uma engrenagem de corrupção no instituto.

Esquema bilionário sob investigação

O trabalho da CPMI busca esclarecer como o esquema, organizado por meio de descontos indevidos e manipulação de associações e empresas de fachada, teria causado um prejuízo que ultrapassa R$ 6 bilhões aos cofres públicos. As fraudes impactaram diretamente aposentados e pensionistas, com descontos irregulares em benefícios previdenciários.

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