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PF flagra empresário tentando interferir na CPMI do INSS
Interceptações revelam que Maurício Camisotti buscou influenciar investigações sobre fraude bilionária envolvendo descontos a aposentados, acionando advogados e parlamentares para dificultar convocações.
28/10/2025 às 06:31por Redação Plox
28/10/2025 às 06:31
— por Redação Plox
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Mensagens obtidas pela Polícia Federal no celular de Maurício Camisotti, preso sob suspeita de participação em um esquema bilionário de descontos indevidos contra aposentados do INSS, apontam para tentativas do empresário de influenciar os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS no Congresso.
Maurício Camisotti
Foto: Reprodução
Empresário buscou contato com parlamentares
De acordo com as investigações, Camisotti trocou mensagens com o advogado Nelson Wilians e com outro interlocutor identificado apenas pelo apelido “GS-USA”. Nos diálogos, são citados três parlamentares que, segundo os planos do empresário, poderiam ser procurados por aliados para protegê-lo das investigações da CPMI, instalada para apurar o escândalo dos descontos irregulares a aposentados.
Camisotti teria insistido em conversar com o senador Izalci Lucas (PL-DF), responsável por requerimentos de convocação de membros do grupo de Camisotti e de sua própria esposa. Os diálogos também mencionam o líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), e o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), sugerindo abordagens junto aos parlamentares para dificultar os trabalhos do colegiado.
Troca de mensagens e monitoramento pela PF
As conversas, que ocorreram entre 22 de agosto e 11 de setembro, abordam estratégias para evitar convocações na CPMI ou influenciar seus desdobramentos. Nesse período, Camisotti demonstrou preocupação com a convocação dele, da esposa e de outros associados. Segundo a PF, o empresário era uma das figuras centrais do grupo beneficiado por entidades envolvidas no esquema de descontos fraudulentos.
As informações levantadas indicam que Camisotti buscava preservar executivos de suas empresas, como Rodrigo Rosolem Califoni e Luís Blotta, ambos ainda não convocados à CPMI até o momento.
A PF relatou que as tentativas de Camisotti não impediram sua convocação, aprovada no primeiro dia da CPMI, nem a quebra de seu sigilo, solicitada dias depois. Ele foi preso preventivamente após decisão judicial.
Atuação do advogado Nelson Wilians
Na semana anterior ao início da CPMI, Nelson Wilians, que já havia feito transações milionárias com Camisotti, teria enviado ao empresário uma lista dos parlamentares que integrariam o colegiado e informações sobre quem apresentaria o maior número de requerimentos de convocação.
Em uma das conversas, Camisotti sugeriu a Wilians contato direto com o senador Izalci Lucas. O advogado preferiu discutir o tema em outro momento. Segundo a PF, parte das mensagens foi apagada em razão do uso da função “mensagens temporárias” do WhatsApp, dificultando o rastreamento integral das tratativas.
Envolvimento do contato “GS-USA”
Dias antes do início da comissão, Camisotti trocou mensagens com um contato identificado como “GS-USA”, cujo número possui DDD do Texas (EUA), mas há indícios de que ele transite entre o Sul do Brasil, São Paulo e Brasília. Durante as conversas, o interlocutor relatou uma reunião sobre temas ligados ao deputado Zucco em São Paulo, mencionando encontros em uma churrascaria na capital paulista.
Apesar da estratégia, a prisão e a quebra de sigilo de Camisotti foram efetivadas. Ele permanece detido na sede da PF em São Paulo.
Quem são os principais citados nas mensagens
Maurício Camisotti – Apontado como líder de um dos grupos que operaram fraudes contra aposentados, foi convocado oito vezes à CPMI e liberado por habeas corpus para não comparecer.
Cecília Montalvão – Esposa de Camisotti e alvo de sete pedidos de convocação, também tem habeas corpus para não depor.
José Hermicesar Brilhante Palmeira – Considerado "braço direito" de Camisotti, ligado à Ambec e responsável por alto faturamento com descontos de aposentados. Ainda não compareceu à CPMI.
Rodrigo Rosolem Califoni – Executivo do Grupo Total Health, citado como representante de Camisotti em reuniões sobre a CPMI.
Luís Blotta – Executivo do Grupo Rede Mais, foi alvo de pedido de convocação.
Nelson Wilians – Advogado com transações milionárias com Camisotti, prestou depoimento à CPMI e chegou a ter prisão preventiva solicitada, porém revogada.
O que dizem os envolvidos
O senador Izalci Lucas afirmou não ter tido contato com investigados ou envolvidos no esquema. Segundo sua assessoria, Izalci apresentou mais de 400 requerimentos para aprofundar as investigações e garantir a identificação dos responsáveis pelas fraudes.
O deputado Paulo Pimenta também negou qualquer tipo de conversa com Camisotti ou seus interlocutores, destacou os requerimentos apresentados à CPMI e defendeu o prosseguimento das investigações.
Luciano Zucco rejeitou a relação com o caso e questionou a tentativa de associar seu nome ao grupo investigado.
Não sou membro da CPMI. Nunca ouvi falar de reunião alguma. Não conheço nenhum desses personagens e nunca conversei com nenhum deles. Pelo que vi agora, parece que se trata apenas de dois lobistas vagabundos tentando vender a um outro vagabundo uma influência inventada para proteger os vagabundos que roubaram os velhinhos do INSS. Eu quero que todos eles respondam aos graves crimes cometidos e mofem na cadeia.
– Luciano Zucco, líder da oposição na Câmara
O advogado Santiago Schunck, representante de Nelson Wilians, afirmou que houve vazamento seletivo de informações e que as conversas com Camisotti se limitaram ao escopo profissional, não configurando irregularidade. Informações do portal Metrópoles.