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Educação
Sisu 2026: nova regra deve elevar notas de corte em cursos mais disputados; veja mudanças
Mudança amplia chances de veteranos, eleva nota de corte e reacende debate sobre equidade na seleção de universidades públicas
28/10/2025 às 06:54por Redação Plox
28/10/2025 às 06:54
— por Redação Plox
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Pela primeira vez, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) vai permitir que os candidatos utilizem as notas das três últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — 2023, 2024 e 2025 — para disputar vagas em universidades públicas.
Diante da nova possibilidade, surgem dúvidas: as notas de corte vão aumentar? Quem será mais beneficiado? Para entender os impactos da medida, o g1 conversou com professores e coordenadores de colégios e cursinhos pré-vestibular. Esta reportagem apresenta as principais análises.
Sisu aceitará resultados de edições anteriores do Enem 2026
Foto: Reprodução
Maior concorrência impulsiona notas de corte
Segundo especialistas, a tendência é que as notas de corte dos cursos mais concorridos, como medicina, fiquem ainda mais altas no Sisu 2026. O motivo é simples: cada candidato poderá escolher a melhor nota das três edições recentes, elevando o nível dos aprovados. Assim, será ainda mais difícil conquistar uma vaga nas carreiras tradicionais de alta demanda.
Nos cursos menos procurados, a expectativa é de que as notas de corte permaneçam estáveis ou até caiam em alguns casos, já que a quantidade de interessados permanece baixa. A possibilidade de escolha abre alternativas para candidatos buscarem áreas mais disputadas ao longo de várias tentativas.
Desempenho de veteranos e impacto nos novatos
A nova regra reduz a pressão sobre quem se dedicou por anos mas perdeu a vaga por poucos pontos, abrindo brecha para tentar de novo com notas passadas. Por outro lado, quem está prestando o Enem pela primeira vez, especialmente estudantes saindo do ensino médio, entra em desvantagem por competir com veteranos mais experientes e com melhores resultados acumulados.
Outro ponto destacado por professores é o impacto da mudança anunciada às vésperas do exame, o que pode aumentar o nervosismo entre os candidatos. Novatos, principalmente, tendem a sentir mais a pressão ao saberem que triplicou o universo de concorrentes por curso.
Disputa amplia oportunidades, mas reacende debate sobre desigualdade
Para alguns educadores, a medida amplia o acesso ao ensino superior, sobretudo para quem desistiu do Enem em momentos anteriores. Isso representa uma segunda chance a estudantes que não puderam participar em determinado ano devido a questões pessoais ou profissionais.
Por outro lado, há argumentos de que quem pode investir em cursinhos e repetir o Enem ano após ano segue em vantagem. O acesso a melhor preparação e a possibilidade de participar de todas as edições amplia as oportunidades para candidatos de maior renda. Assim, a seleção pode, ao mesmo tempo, beneficiar perfis distintos e reforçar desigualdades já existentes.
Diminuição da ociosidade e movimentação entre cursos
Com a mudança, espera-se uma redução do número de vagas ociosas nas instituições públicas, pois mais candidatos estarão aptos a concorrer no Sisu. No entanto, cresce a chance de alunos aprovados em diferentes cursos utilizarem a nota antiga para tentar transferência interna ou mudança de carreira, o que pode resultar em abandono de vagas originalmente conquistadas.
O fenômeno dos “colecionadores de aprovação”
O Sisu permite que os candidatos mudem suas opções enquanto acompanham as notas de corte parciais. Há casos de pessoas que se inscrevem apenas para comprovar que foram aprovadas em diversas instituições, mas não efetivam matrícula. Esse comportamento pode distorcer as notas parciais e a dinâmica do processo, aumentando a instabilidade.
Desafios técnicos: o Sisu em xeque
Nos últimos anos, o sistema enfrentou instabilidades, como atrasos na divulgação dos resultados, falhas no site e divulgação de listas erradas de aprovados. A possibilidade de um único candidato ter notas em três edições distintas do Enem coloca o sistema diante de um novo desafio operacional, exigindo adaptações e maior robustez tecnológica.
Comparação entre diferentes edições do Enem
Uma dúvida recorrente entre estudantes é sobre diferenças no grau de dificuldade de uma prova para outra. Para garantir comparabilidade, o Enem utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que não soma acertos de modo simples, mas considera a coerência das respostas. Assim, as notas são ajustadas para permitir avaliações justas mesmo quando as edições apresentam níveis de dificuldade distintos.
Como será feita a seleção no novo Sisu
Segundo o Ministério da Educação, será considerada a nota que proporcionar a melhor média ponderada entre as três edições disponíveis para o curso escolhido. Cada graduação e universidade pode atribuir pesos diferentes às áreas avaliadas no Enem (Linguagens, Ciências Humanas, Matemática, Ciências da Natureza e Redação). Isso significa que a nota utilizada poderá variar dependendo da escolha do candidato.
Ainda não está esclarecido se será possível usar diferentes edições do Enem nas duas opções de cursos oferecidas na mesma inscrição. Além disso, apenas estudantes que concluíram o ensino médio nos anos válidos poderão concorrer — os chamados “treineiros” não serão contemplados por essa regra.
O que é o Sisu
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permite que estudantes disputem vagas em universidades públicas de todo o país utilizando a nota do Enem. Desde 2024, as inscrições acontecem em edição única anual, destinada a cursos com início no primeiro ou segundo semestre.
Na seleção de 2025, foram disponibilizadas cerca de 261,7 mil vagas em 6.851 cursos presenciais de 124 instituições públicas, com mais de 254 mil candidatos aprovados entre ampla concorrência, cotas e políticas afirmativas próprias das universidades.