Especialistas e educadores debatem proibição de celulares nas escolas de BH
Discussão na Câmara aborda impactos do uso desregulado e possibilidades pedagógicas, enquanto proposta de regulamentação ganha força
Por Plox
28/11/2024 09h41 - Atualizado há 15 dias
A presença de celulares nas escolas municipais de Belo Horizonte gerou um intenso debate durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara Municipal. Especialistas, professores, pais e representantes de alunos participaram da discussão, abordando tanto os impactos negativos do uso desregulado quanto as oportunidades de integração pedagógica proporcionadas pelos dispositivos.
O Secretário Municipal de Educação, Bruno Barral, destacou a necessidade de encontrar um equilíbrio na abordagem. Para ele, medidas radicais podem prejudicar a implementação de metodologias modernas que utilizam o celular como recurso educacional. "Não podemos demonizar o uso dos celulares, porque é um ferramental importantíssimo para a mediação de conteúdo de muitos profissionais [...] O radicalismo não vai funcionar", afirmou Barral. Ele defendeu a criação de medidas de apoio, em vez de punições, para promover um uso consciente da tecnologia.
A favor da educação digital
Entre os especialistas presentes, o professor Guilherme Carvalho Franco, do Centro Pedagógico da UFMG, foi enfático ao defender a educação para o uso dos celulares em vez da proibição. "Sou contra a proibição dos celulares nas escolas. Sou a favor de que se tenha celulares na escola", afirmou. Carvalho também destacou que a decisão sobre restrições deve ser tomada pelas próprias instituições de ensino, para respeitar a autonomia pedagógica.
Experiência contrária à desregulação
Por outro lado, a educadora Adriana Aparecida relatou experiências pessoais e profissionais que reforçam sua visão de que o uso desregulado de celulares é prejudicial. "Minha filha mais velha tem 12 anos, não tem celular [...] Vemos alunos nos banheiros, sentados no chão, sempre com o celular na mão. Eles não têm autonomia para ter o aparelho", argumentou.
Propostas de regulamentação
O vereador Dr. Bruno Pedralva (PT) sinalizou a intenção de propor uma normativa municipal para regulamentar o uso dos aparelhos. "Construir uma proposta para apresentar no dia 1º de janeiro, buscar construir uma proposta de consenso, para que BH saia na frente neste debate", afirmou o vereador.
Esta não é a primeira vez que a Câmara de Belo Horizonte discute o tema. Propostas anteriores dos vereadores Professor Juliano Lopes (PODEMOS) e Professora Marli (Progressistas) sobre regulamentação do uso de celulares nas escolas não avançaram.
Desafios e perspectivas
O debate sobre o uso de celulares nas escolas reflete uma questão ampla e complexa: como equilibrar a necessidade de disciplinar o uso de tecnologias com a oportunidade de integrá-las ao ensino. A Câmara de BH busca construir um consenso que possa atender às demandas pedagógicas e sociais, colocando a cidade na vanguarda do debate sobre tecnologia e educação.