Reserva de urânio no Amazonas é vendida a estatal chinesa por R$ 2 bilhões
Negócio foi intermediado por grupo minerador peruano e inclui mina situada a 300 km de Manaus. Transação levanta questionamentos sobre impactos e interesses estratégicos
Por Plox
28/11/2024 16h21 - Atualizado há 10 dias
Uma importante reserva de urânio localizada na Mina de Pitinga, no interior do Amazonas, foi vendida à empresa estatal chinesa China Nonferrous Trade Co. Ltd. A negociação, concluída na última terça-feira (26), movimentou cerca de R$ 2 bilhões (US$ 340 milhões) e foi mediada pelo grupo minerador peruano Misur, controlador da brasileira Mineração Taboca S.A., responsável pela operação da mina.
Mina estratégica
A Mina de Pitinga, situada na Vila Balbina, a aproximadamente 300 km de Manaus, é reconhecida desde 1979 pela abundância em minerais estratégicos, incluindo urânio, utilizado na geração de energia nuclear. Além disso, a região é destaque pela exploração e beneficiamento de cassiterita, columbita e pela produção de estanho refinado, sendo a maior do Brasil nesse setor.
Em comunicado oficial, a Mineração Taboca informou que 100% de suas ações foram transferidas para a empresa estatal chinesa. A companhia destacou que a aquisição permitirá o acesso a tecnologias avançadas, ampliando a competitividade e a capacidade produtiva da mineradora.
"Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento para a Mineração Taboca, pois permitirá que ela tenha acesso a novas tecnologias para se tornar mais competitiva e ampliar sua visão e capacidade produtiva", declarou a empresa.
A nova proprietária
A China Nonferrous Mining Co., que agora assume o controle da Mina de Pitinga, é uma gigante estatal especializada em mineração e processamento de metais. Com operações consolidadas na África, especialmente na Zâmbia, a empresa atua em diversas etapas do setor mineral, como hidrometalurgia e fundição.
Reações e questionamentos
A venda da mina gerou debates no Senado. Em pronunciamento na quarta-feira (27), o senador Plínio Valério (PSDB-AM) questionou a transação e apontou possíveis favorecimentos ao governo chinês. Ele criticou as restrições ambientais que, segundo ele, dificultam a exploração por empresas nacionais enquanto o mesmo não ocorre com investidores estrangeiros.
"Estamos lá impedidos, com cadeados ambientais que nos escravizam e que nos prendem, porque sempre esbarramos nas ONGs. Sempre esbarramos na ministra Marina Silva, a serviço das ONGs, e, de repente, os chineses compram a maior mina de urânio do Brasil. Vão beneficiar urânio no Amazonas, perto de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, que vive do turismo, que vive das suas 160 e poucas cachoeiras, e ninguém fala nada. Por quê? O que há aí? Um compromisso? Um conluio?", declarou o senador.
A Mina de Pitinga é vista como uma das áreas de maior potencial mineral do Brasil, o que reforça a relevância da negociação e a necessidade de debate sobre os impactos econômicos, ambientais e estratégicos da venda.