Emprego

Brasil cria 85,1 mil vagas formais em outubro, pior resultado para o mês desde 2024

Saldo de empregos com carteira assinada em outubro de 2025 desacelera 35% frente a 2024, fica abaixo das projeções do mercado e é afetado por juros altos e aumento nas demissões, apesar de saldo anual ainda positivo

28/11/2025 às 10:03 por Redação Plox

O mercado de trabalho brasileiro registrou em outubro o pior resultado para o mês na série do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), iniciada em 2024. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego mostram a criação líquida de 85,1 mil vagas com carteira assinada no período.

Em outubro, houve 2.271.460 admissões com carteira assinada e 2.186.313 desligamentos

Em outubro, houve 2.271.460 admissões com carteira assinada e 2.186.313 desligamentos

Foto: IMPRENSA


No mês, foram registradas 2.271.460 contratações formais e 2.186.313 demissões. Mesmo positivo, o saldo reflete uma desaceleração significativa na geração de empregos.

Desaceleração na comparação anual

Em relação a outubro de 2024, quando tinham sido criados cerca de 131,6 mil postos formais, houve queda de 35% na geração de empregos. Trata-se do pior desempenho para outubro desde o início da série do Novo Caged.

Apesar do ritmo mais fraco no mês, o saldo acumulado de 2025 segue positivo: o país soma aproximadamente 1,8 milhão de novos vínculos formais no ano, o que representa crescimento de 3,8% frente ao mesmo período do ano anterior.

Impacto dos juros altos na atividade

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o cenário é influenciado pelo atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, mantida em 15% ao ano pelo Banco Central. O objetivo é levar a inflação para o centro da meta de 3%, em um contexto em que o índice de preços está em 4,68%.

Venho chamando atenção desde maio, para a necessidade do BC, que tem a responsabilidade de monitoramento, que era preciso olhar com atenção, que a economia ia entrar num processo de desaceleração. Isso que tem inibido o ritmo de investimento’, disse.Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego

Resultado abaixo do esperado pelo mercado

Os dados oficiais ficaram aquém das projeções do mercado financeiro, que estimava a criação de 110 mil vagas formais em outubro.

De acordo com o economista sênior do Inter, André Valério, o desempenho reflete estabilidade nas admissões, mas um aumento expressivo nas demissões, que ficaram 110 mil acima do observado em setembro. Apenas os setores de serviços e comércio registraram saldo positivo de empregos. Já a indústria e o agronegócio eliminaram cerca de 10 mil vagas cada um, contribuindo para o arrefecimento do mercado de trabalho.

Para o especialista, o quadro reforça uma tendência de acomodação na geração de postos formais, em linha com as últimas leituras da Pnad, que apontam estabilidade da taxa de desocupação nos últimos três meses e sugerem que o mercado de trabalho está próximo de um pico de ocupação.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a