BRASÍLIA – Três meses antes de suspender o salário de R$ 46,3 mil do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, já havia recorrido a um parecer jurídico para saber se poderia manter o pagamento mesmo após a prisão domiciliar. Amparado por essa análise, ele manteve a remuneração até a última quinta-feira (27/11).
O ex-presidente Jair Bolsonaro
Foto: Marcos Corrêa/PR
O parecer foi encaminhado por Valdemar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nele, o advogado Marcelo Ávila de Bessa avaliou que não havia impedimento para que Bolsonaro continuasse exercendo suas funções de forma remota e, por isso, seguisse recebendo salário.
Mantidas as condições atuais, é juridicamente possível e recomendável que a empresa mantenha ativo o contrato de trabalho e o pagamento dos salários devidos
Marcelo Ávila de Bessa
Além de determinar a prisão domiciliar de Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes proibiu o ex-presidente de usar celular e redes sociais, direta ou indiretamente, e também de manter contato com outros réus e investigados, inclusive por intermédio de terceiros.
Advogado de Valdemar há anos, Bessa argumentou que as atividades de Bolsonaro como presidente de honra do PL não exigiam o uso de celular ou de redes sociais. Ele citou ainda que, desde o início da prisão domiciliar, Moraes vinha autorizando visitas diárias de políticos e aliados, o que, na visão da defesa, reforçaria a possibilidade de continuidade das funções partidárias.
No parecer, Bessa sustentou que uma eventual suspensão do vínculo só deveria ocorrer em caso de ausência temporária de prestação de serviços ou de condenação definitiva à pena de prisão, o que, naquele momento, ainda não existia com trânsito em julgado.
O cenário mudou quando o STF certificou o trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Dois dias depois dessa formalização, o PL tornou pública a interrupção do pagamento do salário do ex-presidente. Antes da execução da pena, Bolsonaro já estava em prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal em Brasília (DF).
Segundo a prestação de contas parcial enviada pelo PL ao TSE, Bolsonaro recebia mensalmente R$ 46,3 mil por serviços técnicos-profissionais, o que resultava em R$ 33,8 mil líquidos. Entre janeiro e outubro de 2025, o partido desembolsou R$ 402,5 mil ao ex-presidente. Além do salário, esse montante inclui R$ 99,4 mil referentes a outras despesas pessoais custeadas pela sigla.
O PL informou que a remuneração permanecerá suspensa até a extinção da pena por golpe de Estado. O partido justificou que, em razão da Lei 9.096/1995 e da suspensão dos direitos políticos de Bolsonaro, suas atividades partidárias também ficam automaticamente suspensas, o que atinge diretamente a remuneração como presidente de honra.
Em nota, a sigla afirmou que, com a suspensão dos direitos políticos do ex-presidente, as atividades partidárias e a remuneração ligada ao posto de presidente de honra deixam de ter respaldo jurídico.
Horas após o anúncio da suspensão do salário, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afastou a responsabilidade política do partido pela decisão, ao afirmar que a medida era uma imposição legal, e não uma escolha do PL. Ele declarou que a legenda apenas cumpriu o que determina a lei diante da situação jurídica do pai, e reforçou que a família garantirá o sustento do ex-presidente.
Flávio Bolsonaro afirmou que a suspensão das atividades partidárias de Jair Bolsonaro decorre de imposição legal e reiterou que, enquanto estiver vivo, nada faltará ao pai.
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