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Morre Brigitte Bardot, ícone do cinema e da defesa dos animais, aos 91 anos

Atriz francesa, símbolo de sensualidade e ruptura de costumes, morreu neste domingo (28); estrela de filmes como “E Deus Criou a Mulher”, ela abandonou o cinema nos anos 1970 para se dedicar ao ativismo animal e teve passagem marcante por Búzios

28/12/2025 às 08:36 por Redação Plox

Brigitte Bardot, atriz francesa que se tornou um dos maiores ícones do cinema mundial e referência na defesa dos direitos dos animais, morreu neste domingo (28), aos 91 anos. A informação foi confirmada pela Fundação Brigitte Bardot, presidida por ela. A causa da morte não foi divulgada.

Atriz faleceu aos 91 anos

Atriz faleceu aos 91 anos

Foto: Reprodução

A artista havia sido hospitalizada em outubro deste ano em Toulon, perto de sua casa em Saint-Tropez, para uma cirurgia, e recebeu alta ainda no mesmo mês.

Nascida em 28 de setembro de 1934, em Paris, Bardot se tornou, ainda jovem, uma das figuras mais reconhecidas do cinema internacional. Seu papel em “E Deus Criou a Mulher” (1956), dirigido por seu então marido Roger Vadim, a consagrou como símbolo de sensualidade e liberdade, ajudando a moldar a cultura pop da década de 1960.

Ao longo da carreira, Bardot participou de cerca de 50 filmes e também atuou como cantora e modelo, tornando-se uma das artistas mais fotografadas e comentadas de sua geração.

Do balé à consagração nas telas

Bardot teve formação artística precoce. Aos 13 anos, iniciou-se no balé clássico; aos 15, já trabalhava como modelo, o que abriu caminho para o cinema.

Nos anos 1960, consolidou seu prestígio com atuações em dois clássicos: “A Verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot, e “O Desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard. Também esteve em produções como “Viva Maria!” (1965), de Louis Malle, ao lado de Jeanne Moreau; “O Repouso do Guerreiro” (1964), novamente sob direção de Roger Vadim; e “As Petroleiras” (1971), ao lado de Claudia Cardinale.

Em 1972, foi fotografada em Estocolmo durante as filmagens de “Se Don Juan Fosse Mulher”, dirigido por Vadim, em mais um registro que reforçou sua imagem de estrela global.

Ícone de comportamento e revolução de costumes

A persona pública de Brigitte Bardot extrapolava a arte. Desde cedo, ela desafiou convenções sociais e visuais de seu tempo. Em 1953, chamou atenção ao aparecer de biquíni no Festival de Cannes, algo ainda considerado ousado. Anos depois, provocou novo alvoroço ao comparecer ao Palácio do Eliseu usando calças, em uma época em que mulheres eram esperadas em saias ou vestidos em eventos oficiais.

Em 1967, Bardot iniciou carreira paralela como cantora, com relativo sucesso. Em parceria com Serge Gainsbourg, gravou músicas que se tornaram populares na França, como “Harley Davidson” e “Bonnie and Clyde”.

Sua vida pessoal também foi intensamente exposta pela imprensa e ajudou a construir sua imagem como figura de ruptura. Além de Roger Vadim, ela se envolveu com atores como Jean-Louis Trintignant, Jacques Charrier e Sami Frey; músicos como Gilbert Bécaud, Serge Gainsbourg e Sacha Distel; e o fotógrafo Gunter Sachs. Mais tarde, casou-se com o empresário Bernard d’Ormale.

Vivida sem discrição e sem pedidos de desculpa, a sucessão de relacionamentos fez de Bardot um símbolo de autonomia feminina em plena revolução sexual.

A escritora Simone de Beauvoir sintetizou o incômodo que a atriz provocava ao afirmar que Bardot fazia o que queria e que isso era o que perturbava — percepção que ajudou a cristalizar sua imagem como figura transgressora de seu tempo.

Da aposentadoria precoce ao ativismo radical pelos animais

Em 1973, aos 39 anos, Bardot se afastou das telas para se dedicar integralmente à causa animal. Ela criou a Fundação Brigitte Bardot, que se tornaria referência internacional na luta contra a crueldade e exploração de animais, mobilizando recursos e campanhas em diversos países.

Com o tempo, sua atuação pública passou a ser marcada também por declarações polêmicas sobre imigração, islamismo e homossexualidade. Entre 1997 e 2008, Bardot foi multada seis vezes pela Justiça francesa por incitação ao ódio racial, sobretudo por comentários dirigidos à comunidade muçulmana na França, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Em um dos processos, um tribunal de Paris condenou a atriz ao pagamento de 15 mil euros após declarações consideradas discriminatórias em relação a muçulmanos.

Em 1992, Bardot se casou com Bernard d’Ormale, ex-conselheiro da legenda de extrema direita Frente Nacional. Mais tarde, passou a apoiar publicamente os sucessivos líderes do partido, Jean-Marie Le Pen e sua filha, Marine Le Pen, a quem chamou de “a Joana d’Arc do século 21”.

Autopercepção e legado em vida

Já em idade avançada, Bardot seguia influente no debate público francês. Em entrevista ao canal BFM TV, em maio de 2025, foi questionada se se via como um símbolo da revolução sexual e respondeu que não, afirmando que muitas coisas ousadas já haviam acontecido antes dela e que o feminismo não era sua “praia”. Na mesma ocasião, ao ser perguntada sobre quanto pensava em sua carreira no cinema, afirmou que não refletia sobre isso, mas reconhecia que foi graças aos filmes que se tornou conhecida no mundo inteiro como defensora dos animais.

A temporada no Brasil e a transformação de Búzios

Em 1964, Brigitte Bardot passou uma temporada no Brasil em busca de anonimato. Após desembarcar no Rio de Janeiro e negociar com a imprensa alguns dias de tranquilidade, seguiu para Armação dos Búzios, então um vilarejo de pescadores sem infraestrutura.

Encantada com o isolamento, permaneceu no local por cerca de três meses e voltou ao fim do mesmo ano. Décadas depois, descreveu o período como uma fase de vida simples, longe dos holofotes.

A estadia de Bardot em Búzios teve efeito duradouro: o vilarejo ganhou projeção internacional e se tornou um dos destinos turísticos mais conhecidos do litoral brasileiro.

Em homenagem à atriz, a cidade criou a Orla Bardot e instalou uma estátua sua, hoje ponto turístico obrigatório. Com o passar dos anos, porém, Bardot passou a lamentar as transformações do balneário e a perda da simplicidade que havia encontrado ali na década de 1960.

Ao longo de sua trajetória, Brigitte Bardot marcou uma era no cinema mundial e consolidou-se como um dos maiores símbolos de beleza e contracultura do século 20, ao mesmo tempo em que se tornou figura central — e controversa — no ativismo em defesa dos animais.

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