Estudante da UFOP e cineasta da periferia de BH conquista espaço e é convidado para levar o cinema negro a universidade nos EUA

Ben Hur, jovem do Morro das Pedras e aluno da UFOP, foi convidado para ministrar aula sobre cinema negro na Universidade de Binghamton, destacando as narrativas periféricas do Brasil no cenário acadêmico internacional.

Por Plox

29/01/2025 09h46 - Atualizado há 5 meses

Aos 23 anos, o cineasta e estudante Ben Hur, morador do Morro das Pedras, em Belo Horizonte, se prepara para uma experiência única: ministrar uma aula sobre cinema negro na Universidade de Binghamton, em Nova Iorque. A oportunidade representa não apenas o reconhecimento de seu trabalho, mas também a chance de dar visibilidade ao cinema periférico brasileiro no cenário acadêmico internacional.

Foto: Divulgação/Redes Sociais

Atualmente, além de sua atuação no cinema, Ben Hur cursa ciência da computação na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O convite para a aula nos Estados Unidos surgiu através de uma amiga que faz doutorado na instituição americana. Para ele, essa é uma oportunidade de conectar o mundo acadêmico às realidades das favelas e ocupações de Belo Horizonte. “É um grande passo, não só para mim, mas para a minha geração, que está cada vez mais presente no cinema brasileiro. Quero mostrar que as histórias da favela têm tanto valor quanto de qualquer outro lugar”, declarou.

Do Morro das Pedras para o cinema: a trajetória de Ben Hur

O interesse de Ben pelo cinema começou em 2015, quando ele ainda era um adolescente lidando com a dura realidade de violência e desigualdade em sua comunidade. O ponto de virada veio com um presente marcante de sua mãe: um livro sobre os vencedores do Oscar. A partir daí, ele mergulhou no estudo autodidata da sétima arte.

Durante a pandemia, sua mãe o presenteou novamente, desta vez com uma câmera. Com esse novo instrumento, ele passou a registrar o cotidiano do Morro das Pedras, resultando no lançamento de seu primeiro curta-metragem, Pandeminas. O filme trouxe visibilidade ao seu trabalho e abriu portas para novos projetos.

Atuação e impacto no cinema negro

Além de diretor e roteirista, Ben Hur é um dos organizadores da Mostra de Cinema Preto Periférico de Ouro Preto, evento voltado para a valorização de cineastas negros e periféricos. Atualmente, ele está em processo de produção de seu segundo curta-metragem, que abordará o impacto da ditadura militar na periferia brasileira.

Inspirado por figuras icônicas como Basquiat na arte, Muhammad Ali no esporte e Reinaldo no futebol, Ben Hur enxerga o cinema como uma ferramenta de luta e resistência. “Quero usar o cinema para enfrentar o racismo de forma artística, transformando histórias em resistência e inspiração”, afirmou.

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