Ipatinga lidera ranking de casos de dengue na Macrorregião do Vale do Aço; veja lista completa
O número de casos subiram de forma alarmante no primeiro trimestre de 2023
Por Matheus Valadares
29/03/2023 13h18 - Atualizado há mais de 1 ano
O Ministério da Saúde divulgou na última sexta-feira (24) que Minas Gerais é o estado com o maior número de casos de dengue e chikungunya no país, indicando uma situação de epidemia por arboviroses no estado.
Segundo dados atualizados, Minas Gerais registrou 119.850 casos confirmados de dengue em 2023, o que representa quase 30% dos 404.485 casos em todo o país. A incidência por 100 mil habitantes é de 559,7, ficando atrás somente do Espírito Santo, que registrou 1.182,5, mas com uma população bem menor.
Quando se pega a porção da Macrorregião do Vale do Aço, verifica-se que o número de casos subiram de forma alarmante no primeiro trimestre de 2023, comparado ao mesmo período do ano passado.
Dados do Vale do Aço e seu Colar Metropolitano
Conforme dados divulgados pela Secretária Estadual de Saúde (SES), em toda Macrorregião do Vale do Aço já são 5.200 casos notificados. Ipatinga é o município que lidera as estatísticas com 1.741 casos, entre suspeitos e confirmados.
Logo depois vem Santana do Paraíso com 634 notificações, seguido por São João do Oriente com 472 casos, Coronel Fabriciano com 342 e Pingo D’Água fecha a lista dos cinco primeiros com 338 casos de Dengue.
Veja a lista completa
Cidade Casos notificados
Ipatinga 1741
Santana do Paraíso 634
São João do Oriente 472
Coronel Fabriciano 342
Pingo D’Água 338
Timóteo 258
Vargem Alegre 186
Ipaba 162
Caratinga 158
Córrego Novo 155
Dom Cavati 121
Entre Folhas 112
Bom Jesus do Galho 59
Iapu 51
Inhapim 51
Ubaporanga 47
Vermelho Novo 41
Bugre 40
Joanésia 34
Belo Oriente 26
Piedade De Caratinga 21
Antônio Dias 20
Mesquita 18
Naque 18
Santa Rita de Minas 17
Braúnas 13
Imbé de Minas 13
Marliéria 12
Dionísio 11
Periquito 8
São Domingos das Dores 7
Açucena 5
Santa Bárbara do Leste 5
Jaguaraçu 4
São Sebastião do Anta 0
Total 5200
Casos confirmados
Quando se trata de casos confirmados, o cenário muda, assim como os primeiro colocados em casos. Ipatinga permanece em primeiro com 1686, seguido por Santa do Paraíso com 286. Logo em seguida vem Timóteo com 240, São João do Oriente com 149 e Córrego Novo com 137, fechando a lista dos cinco primeiro.
Veja a lista completa
Cidade Casos confirmados
Ipatinga 1686
Santana do Paraíso 267
Timóteo 240
São João do Oriente 149
Córrego Novo 137
Ipaba 129
Dom Cavati 121
Vargem Alegre 116
Coronel Fabriciano 94
Iapu 40
Caratinga 30
Inhapim 26
Bom Jesus do Galho 22
Bugre 18
Joanésia 17
Piedade de Caratinga 16
Mesquita 14
Imbé de Minas 11
Naque 11
Ubaporanga 11
Belo Oriente 9
Pingo D’Água 8
São Domingo das Dores 7
Antônio Dias 6
Periquito 6
Braúnas 4
Açucena 3
Entre Folhas 3
Marliéria 3
Vermelho Novo 3
Jaguaraçu 2
Dionísio 1
Santa Rita de Minas 1
Santa Bárbara do Leste 0
São Sebastião do Anta 0
Total 3211
Sintomas
A enfermeira e referência técnica da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses, Suely Dias, explica que a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, geralmente com evolução benigna, mas que pode evoluir para formas graves. “As infecções por dengue podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas que envolvem febre (geralmente acima de 38°C, de início abrupto e duração de 2 a 7 dias), dores de cabeça e musculares, dor nas articulações e atrás dos olhos. Também podem estar presentes vômitos, diarreia e erupções cutâneas vermelhas pelo corpo”, explica.
Já a chikungunya possui fase aguda com duração de 5 a 14 dias, uma fase pós-aguda que pode durar até 3 meses e pode se tornar crônica se os sintomas persistirem após esse período. Suely detalha que, na fase aguda, há surgimento abrupto de febre alta (maior de 38,5°C), dor forte nas articulações e músculos, dor de cabeça intensa e fadiga. “As manchas vermelhas da chikungunya surgem do 2º ao 5º dia após início da febre, afetando principalmente tronco, extremidades e face. Na fase pós-aguda e crônica, quando há persistência de sintomas, eles se manifestam principalmente nas articulações, com edema e dor”, afirma.
A infecção pelo Zika vírus pode ser assintomática ou sintomática. A referência técnica explica que geralmente a doença é autolimitada, variando de 2 a 7 dias. Pode apresentar febre baixa (menor que 38,5°C) ou ausente, erupções cutâneas vermelhas de início precoce, conjuntivite não purulenta, dor e edema nas articulações, dor de cabeça e aumento dos linfonodos. Deve-se atentar para manifestações neurológicas.
Tratamento
Suely Dias explica que não há tratamento específico nem vacina para as infecções por estes vírus. A recomendação, em caso de sintomas, é para que o paciente procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação. Além disso, é importante fazer repouso e cuidar da reposição de líquidos.
No caso de dengue, é extremamente importante que haja reconhecimento precoce dos sinais de alarme e gravidade. Para chikungunya, um profissional deve ser consultado para que sejam recomendados analgésicos e tratamentos não farmacológicos como fisioterapia e exercícios.
Suely também alerta que medicamentos devem ser utilizados somente com prescrição médica e para aliviar os sintomas. “Alguns medicamentos como ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina) e outros anti-inflamatórios não hormonais (ex.: Ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco, etc.), podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue, por isso não devem ser utilizados”, pontua.
Sequelas
As consequências mais relevantes das arboviroses a longo prazo são a cronificação, nos casos de chikungunya, e a transmissão vertical (ou seja, da mãe para o feto) da Zika, podendo levar à Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus.
Considera-se fase crônica de chikungunya quando os sintomas permanecem por mais de 3 meses, especialmente as dores musculares e articulares.
Na Zika congênita, fetos expostos à infecção pelo vírus durante a gestação, podem ter seu crescimento e desenvolvimento neurocognitivo comprometidos, podendo apresentar sinais clínicos como a microcefalia.
Prevenção e controle
Embora a dengue, Zika e chikungunya tenham tendência de maior concentração de casos entre os meses de janeiro e maio, em todo o Estado, é preciso reforçar que o vetor das doenças circula durante todo o ano. Por isso, os cuidados em relação ao combate aos focos do mosquito não devem cessar.
A principal forma de prevenir a dengue e outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos) como a chikungunya, febre amarela e Zika é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Dessa forma é importante tomar cuidados com criadouros e eliminar água armazenada, como em pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, vasos de plantas e, até mesmo, recipientes pequenos. É importante também trocar a água dos animais de estimação.
Por parte da saúde estadual, as ações permanentes, adotadas para conter o avanço dos casos de dengue em Minas, vão desde a mobilização de parceiros em todo o Estado, realização de Força-Tarefa (equipe composta por agentes da Saúde Estadual e da Fundação Nacional de Saúde – Funasa) em municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação do mosquito, campanhas educativas por meio das redes sociais, mobilização da população sobre os cuidados para evitar os focos do Aedes aegypti, até a elaboração dos Planos de Contingência Estadual e Municipais para prevenção e controle das doenças transmitidas pelo mosquito.
Entretanto, a participação da população é de fundamental importância para o controle da doença, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor. Destaca-se que a inspeção na residência, com a remoção de focos com água parada, é algo que não toma muito tempo e deve ser feita rotineiramente. Como exemplo, os vasos de plantas, pneus usados como possíveis criadouros do Aedes e outros objetos e recipientes em geral que possam acumular água.
Vacina contra a dengue deve chegar a clínicas particulares no segundo semestre de 2023
A vacina contra a dengue Qdenga (TAK-003) recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve estar disponível em clínicas particulares no segundo semestre deste ano. O imunizante pode ser aplicado em pessoas entre 4 e 60 anos, independentemente de terem ou não contraído a doença.
Apesar disso, ainda não há previsão de inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS), mas o Ministério da Saúde afirma que a questão é tratada como prioridade. Para o infectologista Kleber Luz, consultor de arboviroses da Organização Mundial da Saúde (OMS) e coordenador do comitê científico de arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a aprovação é um primeiro passo importante no combate à dengue.
A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que a previsão é que a Qdenga esteja disponível para comercialização pelos serviços privados a partir do segundo semestre de 2023. No entanto, a vacina precisa ser aprovada pela Conitec para inclusão no PNI.