Dívida pública se aproxima de R$ 7,5 trilhões com alta de 3,3% em fevereiro

Com emissão recorde de títulos e taxa Selic em 14,25% ao ano, apropriação de juros pressiona contas do governo

Por Plox

29/03/2025 07h24 - Atualizado há 4 dias

A Dívida Pública Federal (DPF) deu um salto em fevereiro, aproximando-se da marca de R$ 7,5 trilhões. De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta sexta-feira (28), o estoque da dívida passou de R$ 7,253 trilhões em janeiro para R$ 7,492 trilhões no mês seguinte, representando um aumento de 3,3%.


Imagem Foto: Agência Brasil


Esse crescimento foi impulsionado por uma emissão líquida recorde de títulos federais, que alcançou R$ 145,39 bilhões, o maior valor mensal já registrado desde o início da série histórica em novembro de 2006. No mesmo período, os resgates ficaram em R$ 33,976 bilhões, o menor volume desde dezembro do ano anterior.



Além disso, a alta taxa Selic, fixada em 14,25% ao ano, colaborou para a elevação do endividamento por meio da apropriação de juros — que somou R$ 70,85 bilhões apenas em fevereiro. Esse mecanismo reconhece a correção de juros sobre os títulos e incorpora os valores ao estoque total da dívida.


O crescimento não se limitou à dívida interna. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) também registrou alta, passando de R$ 301,81 bilhões em janeiro para R$ 314,34 bilhões em fevereiro — uma variação de 4,15%. Contribuíram para isso a valorização de 1,35% do dólar e a emissão de US$ 2,5 bilhões em títulos no exterior.



Em contrapartida, o colchão da dívida pública — uma reserva financeira usada para enfrentar vencimentos concentrados ou períodos de instabilidade — voltou a crescer. Após ter recuado em janeiro, essa reserva subiu para R$ 889 bilhões em fevereiro, cobrindo 6,66 meses de vencimentos. Estima-se que, nos próximos 12 meses, o governo precisará quitar R$ 1,267 trilhão em títulos.


No que diz respeito à composição da dívida, a proporção de papéis atrelados à Selic teve leve queda, passando de 47,98% para 47,77%, ainda dentro da meta estipulada no Plano Anual de Financiamento (PAF), que prevê uma faixa entre 48% e 52% até o fim de 2025. Já os títulos prefixados subiram de 20,15% para 20,54%, enquanto os corrigidos pela inflação caíram de 27,72% para 27,51%.



O peso do câmbio na DPF também oscilou, passando de 4,15% para 4,18%, dentro do limite estabelecido pelo PAF, que vai de 3% a 7%. O prazo médio para rolagem da dívida sofreu ligeira queda, saindo de 4,11 anos para 4,08 anos.


Quanto à distribuição dos detentores da dívida interna, as instituições financeiras lideram com 29,8% de participação, seguidas por fundos de pensão (24,1%) e fundos de investimento (22,3%). A presença de investidores estrangeiros diminuiu, indo de 9,9% em janeiro para 9,7% em fevereiro, após ter atingido 11,2% em novembro, o maior patamar desde 2018.



A Dívida Pública é a principal ferramenta usada pelo governo para captar recursos no mercado, comprometendo-se a devolver os valores futuramente com correção baseada em indicadores como Selic, inflação, câmbio ou taxas prefixadas.


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