A história de Luíza Pinheiro, ciclista que perdeu o braço em acidente em Belo Horizonte

A pedalada de volta para casa na última quinta-feira (20) não terminou como o usual para Luíza Pinheiro

Por Plox

29/05/2023 16h30 - Atualizado há cerca de 2 anos

A pedalada de volta para casa na última quinta-feira (20) não terminou como o usual para Luíza Pinheiro, 42 anos, residente em Belo Horizonte. O trajeto que ela realizava diariamente após o trabalho se tornou cenário de um acidente que mudaria sua vida para sempre.

A Queda na Via de Ônibus

Luíza pedalava na avenida Paraná, centro da capital mineira, quando teve seu caminho interrompido por pedestres que utilizavam a ciclovia. A tentativa de continuar seu percurso se deu através do acionamento das luzes de sua bicicleta. Apesar da grande maioria ter cedido espaço, um homem, de 59 anos, não fez o mesmo.

"Quando passei, senti um empurrão e caí na pista do Move", relata Luíza, referindo-se aos ônibus que compõem o sistema de transporte rápido da cidade.

 

Foto: Reprodução

Consequências da Colisão e a Justiça em Espera

O resultado do incidente foi devastador: Luíza foi atropelada por um ônibus, ocasionando ferimentos graves que culminaram na amputação de seu braço esquerdo. Após a cirurgia, Luíza se encontra em recuperação em casa.

No local, pedestres detiveram o homem até a chegada da Polícia Militar. A justificativa dada pelo suspeito foi de que a mochila dele teria ficado presa à ciclista. Até o momento, o suspeito não foi preso e as circunstâncias do acidente continuam sendo investigadas pela Polícia Civil.

O Desafio do Convívio nas Ciclovias e o Futuro de Luíza

Luíza, que tem o hábito de pedalar há quatro anos e utilizava a bicicleta como principal meio de transporte há dois, expressou sua frustração com a falta de consciência no compartilhamento de vias. "É importante que os pedestres tenham consciência para entender que ciclovias são para ciclistas, não pedestres", comentou.

Apesar do acidente, Luíza não pretende deixar a bicicleta de lado e já planeja a compra de uma prótese que lhe permita manter sua rotina.

Ciclistas em Belo Horizonte: Vítimas Frequentes

A situação vivida por Luíza não é uma exceção. Túlio Castanheira, triatleta e organizador do Bloco da Bicicletinha, comentou sobre a frequência com que acidentes assim ocorrem. "A responsabilidade está distribuída entre a população e o poder público. As pessoas não são educadas no trânsito. Isso deveria vir, basicamente, de uma boa convivência de civilidade", disse.

Somente no primeiro trimestre deste ano, o Samu atendeu 351 ocorrências envolvendo ciclistas em Belo Horizonte. O Corpo de Bombeiros, por sua vez, registrou nove vítimas de acidentes entre ônibus e bicicleta no mesmo período.

Cenário de Acidentes Recentes

Outros casos recentes de acidentes envolvendo ciclistas na região metropolitana de Belo Horizonte também acendem um alerta para a segurança nas vias. Na segunda-feira passada, um idoso de 65 anos foi atropelado enquanto pedalava na BR-040, em Nova Lima.

Em maio, um outro incidente grave aconteceu com Thiago Barbosa Bento, 33 anos, que foi atropelado na MGC-356, em Belo Horizonte. O responsável pelo atropelamento, Antonio Augusto Bembem da Silva, 21 anos, ainda sem habilitação, encontra-se atualmente preso preventivamente.

No mês de abril, a região chorou a morte de Eduardo Lobato, 41 anos, que foi atropelado na BR-040, em Nova Lima, por um motorista suspeito de embriaguez.

Já em fevereiro, um ciclista de 42 anos perdeu parte da perna esquerda depois de ser atropelado na Avenida Cristiano Machado, na altura do bairro Floramar, na Região Norte de Belo Horizonte. Segundo a polícia, o motorista estava sob efeito de álcool.

Essas situações alarmantes refletem a necessidade urgente de conscientização no trânsito e respeito aos espaços destinados a ciclistas, evitando assim a recorrência de tais tragédias.

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