Fascinação por veneno de sapo em rituais pode ser perigosa

O lado sombrio da experiência com Bufo Alvarius

Por Plox

29/05/2023 10h41 - Atualizado há cerca de 2 anos

A busca por soluções inusitadas para questões pessoais tem levado muitos ao consumo do veneno de um sapo conhecido como Bufo Alvarius. O intrigante hábito, que tem seu epicentro no México, envolve a inalação desse veneno exótico em cerimônias especiais.

"O sapo, possivelmente, produz essa substância como uma defesa contra predadores, classificando-a como uma toxina", explica Rafael Guimarães dos Santos, professor da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto. Atraídos pelos efeitos psicoativos, as pessoas rapidamente começaram a importar o Bufo para o Brasil, onde é comumente utilizado em rituais espirituais.

Foto: reprodução Pexels

 

Contudo, a repórter Isabel Seta revelou recentemente que a experiência com o veneno do sapo pode ser horrivelmente traumática, como no caso da goiana Gabriela Silva, que buscava superar um trauma pessoal. "Eu perdi um irmão uns anos atrás. Então logo depois da perda do meu irmão, eu fui tentando realmente entender o sentido da vida", compartilha Gabriela.

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Apesar de já ter participado de cerimônias com ayahuasca, Gabriela decidiu experimentar o bufo após uma sugestão. Ela investiu R$ 1,3 mil para ela e o marido participarem de um ritual em São Paulo, em março de 2021. Embora os efeitos psicodélicos do bufo sejam breves, durando cerca de vinte minutos, o resultado foi desastroso para Gabriela.

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Ela relata uma experiência traumática, que levou a sérios problemas psicológicos, incluindo crises de pânico e ansiedade, e resultou em seu afastamento do trabalho. Gabriela agora lidera um grupo de pessoas que afirmam ter sofrido psicologicamente após o uso do bufo. Eles acusam o Instituto Xamanismo Sete Raios, de São Paulo, de negligência em todos os estágios dos rituais.

"Eu estava tendo pensamentos suicidas. Tinha altos impulsos para me jogar da janela. E eu nunca tinha tido nenhum problema psicológico. Nenhum. Então, foi de longe a pior coisa que eu já passei na minha vida. Comecei a ter medo de coisas que eu nunca tive antes", relata uma das vítimas, que prefere manter o anonimato. Franciele, uma comissária de bordo, também passou por experiências negativas. Depois de participar de um ritual com Bufo, ela desenvolveu uma fobia acentuada de voar.

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"Fui demitida, infelizmente. Sinto muita falta da aviação. Porque aviação, na minha vida, eu acredito que depois da minha família... aviação é minha segunda paixão. Eu estava em busca realmente de algo para minha cura física, da depressão e ansiedade", comenta Franciele.

Franciele, Gabriela e a mulher que optou por não revelar sua identidade afirmam que, quando procuraram ajuda no Instituto Sete Raios, receberam respostas evasivas, sugerindo que era normal passar por uma fase sombria antes de encontrar a luz. “A única coisa que ele me falou foi: toma banho de ervas, acende umas velas. Hora nenhuma eles falaram pra mim: Gabriela, procura um médico, procura um psicólogo”, relata Gabriela.

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De acordo com Franciele, o instituto sugeriu verbalmente que ela deveria interromper o uso de medicamentos para depressão e ansiedade duas semanas antes do ritual, uma prática que pode trazer sérios riscos à saúde. "Talvez algumas pessoas que não deveriam estar tomando, chegam e tomam porque não houve uma entrevista mínima ali que talvez devesse barrar aquela pessoa", argumenta o professor Rafael Guimarães dos Santos.

A popularidade do Bufo tem aumentado, levando a preocupações crescentes sobre o seu uso irresponsável. Em Goiás, foram confiscados, em abril, 12 gramas do veneno, escondidos em um quintal, que poderiam ser utilizados por até 500 pessoas, segundo o delegado Francisco Costa. O veneno de Bufo é ilegal no Brasil e quem o traz para o país pode enfrentar consequências jurídicas graves. "Ao que tudo indica, os investigados serão indiciados por tráfico de drogas", esclarece Costa.

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