Compulsão alimentar pode persistir por anos, revela estudo
Para investigar a evolução do transtorno, os pesquisadores acompanharam 137 adultos, com idades entre 19 e 74 anos e índice de massa corporal médio de 36, ao longo de cinco anos
Por Plox
29/05/2024 16h37 - Atualizado há 7 meses
A compulsão alimentar, caracterizada por episódios de consumo excessivo de comida em curtos períodos, é frequentemente vista como um problema temporário. No entanto, um estudo recente do McLean Hospital, nos Estados Unidos, revelou que entre 45% e 61% das pessoas diagnosticadas com esse transtorno continuam a exibir o comportamento até cinco anos após o diagnóstico inicial.
"A grande conclusão é que o transtorno da compulsão alimentar periódica melhora com o tempo, mas, para muitas pessoas, dura anos", afirmou Kristin Javaras, psicóloga na Divisão de Saúde Mental Feminina da McLean, em nota. Ela destacou a importância de compreender a duração do transtorno e a probabilidade de recaídas para aprimorar os cuidados prestados.
Os resultados do estudo foram publicados em 28 de maio na revista Psychological Medicine. Para investigar a evolução do transtorno, os pesquisadores acompanharam 137 adultos, com idades entre 19 e 74 anos e índice de massa corporal médio de 36, ao longo de cinco anos. Eles foram avaliados no início do estudo e reexaminados após dois anos e meio e cinco anos. Dois anos e meio após o início do estudo, 61% ainda preenchiam todos os critérios para o transtorno. Após cinco anos, 46% dos participantes não haviam apresentado melhoras significativas.
Fatores multifatoriais e tratamento complexo
A nutricionista Ana Paula Braun, de São Paulo, enfatiza que a compulsão alimentar é um problema multifatorial. "Está associada a diversos fatores, incluindo questões emocionais, genéticas, sociais e ambientais, que podem levar a sérias consequências para a saúde física e mental", diz ela. Devido a essa complexidade, o tratamento não é simples. "O ideal é a criação de estratégias saudáveis para lidar com o estresse emocional e o desenvolvimento de hábitos alimentares equilibrados, com apoio de profissionais de saúde, nutricionistas e psicólogos."
A endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro, reforça a necessidade de buscar ajuda profissional ao perceber a relação entre saúde emocional e fome. "O tratamento deve envolver mais de um especialista, com médicos endocrinologistas e psiquiatras, além de nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, que podem atuar em conjunto para identificar esses gatilhos emocionais e ajudar o paciente a melhorar sua relação com a comida", conclui.