Dólar dispara com incerteza sobre IOF e se aproxima de R$ 5,70

Moeda americana tem alta de 0,88% com receios fiscais e ruídos sobre mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras

Por Plox

29/05/2025 11h23 - Atualizado há 3 dias

Em mais um dia turbulento para o mercado financeiro, o dólar à vista teve forte valorização nesta quarta-feira (28), encerrando o pregão com alta de 0,88%, cotado a R$ 5,6952, após atingir a máxima de R$ 5,71 no início da tarde.


Imagem Foto: Pixabay


O cenário de incertezas fiscais, agravado pelas discussões sobre alterações nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pesou sobre o real e gerou apreensão entre investidores. O fortalecimento global da moeda americana teve impacto ainda maior sobre a moeda brasileira, tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.


De acordo com operadores, investidores estrangeiros podem ter recomposto posições compradas no mercado futuro, o que contribuiu para o movimento de alta. Com isso, o dólar acumula valorização de 0,85% na semana e 0,33% em maio, enquanto ainda registra uma perda de 7,85% no ano frente ao real.



As pressões se intensificaram após o aumento da oposição por parte de setores do mercado financeiro, da indústria e de membros do Congresso às medidas que alteram o IOF. A equipe econômica, já pressionada a buscar novas fontes de receita para compensar a reversão do imposto em aplicações de fundos no exterior, enfrenta agora a possibilidade de um déficit ainda maior.


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário-executivo Dario Durigan, reuniram-se com representantes da Febraban, a federação dos bancos, para debater os impactos das mudanças. Durigan destacou que a Fazenda está aberta ao diálogo, mas alertou que eventuais alterações podem diminuir a arrecadação esperada, forçando cortes e contingenciamentos orçamentários.



Para compensar as perdas com o IOF, o Ministério da Fazenda anunciou o resgate de R$ 1,4 bilhão do Fundo Garantidor de Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC). A medida visa minimizar os impactos da redução de receita provocada pela reversão do imposto sobre investimentos externos.


O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, avaliou que o aumento do IOF sinaliza a relutância do governo em cortar gastos, o que compromete o novo arcabouço fiscal. Ele destacou a perda de credibilidade do Executivo e a desconfiança de que o IOF esteja sendo usado como ferramenta de controle monetário, o que aumenta a percepção de risco entre investidores e pode acelerar a saída de capitais do país.



No cenário internacional, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes — operou em alta moderada ao longo do dia, alcançando a máxima de 99,957 pontos, aproximando-se do patamar de 100 mil pontos. Apesar do avanço diário, o índice acumula queda de quase 8% no ano.


A ata divulgada pelo Federal Reserve às 15h reforçou a visão de que a política monetária norte-americana está bem calibrada, mas recomendou cautela diante das incertezas provocadas pela política tarifária da administração de Donald Trump.



A turbulência no câmbio, associada aos sinais de desgaste entre governo e mercado, reforça o clima de instabilidade que ronda a economia brasileira nos últimos dias.


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