Grupo de extermínio mirava ministros do STF e mantinha tabela de execuções

Investigação da PF revela plano letal de grupo com arsenal de guerra e lista com nomes de autoridades; celulares tinham fotos de vítimas

Por Plox

29/05/2025 14h58 - Atualizado há 2 dias

Uma operação da Polícia Federal, deflagrada na última quarta-feira (28), revelou detalhes sombrios sobre o funcionamento de um grupo de extermínio e espionagem que agia sob o nome de C4 – Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos. O grupo, formado por civis e militares da reserva com treinamento especializado, mantinha um arsenal de guerra e elaborava planos para matar autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).


Imagem Foto:Divulgação/Polícia Federal


As investigações começaram após a execução do advogado Roberto Zampieri, conhecido como 'lobista dos tribunais', morto com 10 tiros em frente ao seu escritório em Cuiabá (MT), em dezembro de 2023. A arma usada no crime, uma pistola 9 milímetros, pertencia a Hedilerson Fialho Martins Barbosa, um dos cinco investigados presos. No celular de Hedilerson, foram encontradas dezenas de fotos de outras vítimas de homicídios, além de mensagens que falavam em 'missões cumpridas' e 'futuras tarefas'.



Durante as apurações, mensagens no celular de Zampieri levantaram suspeitas sobre um esquema de venda de sentenças judiciais, com indícios de participação de servidores do STJ. A partir disso, o caso chegou ao STF, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. A análise dos celulares dos suspeitos revelou uma lista com nomes de parlamentares e ministros do STF, como Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Alexandre de Moraes e o próprio Zanin. Também foi encontrada uma tabela com valores para execuções: R$ 250 mil por ministros, R$ 150 mil por senadores e R$ 100 mil por deputados.


Zanin destacou em sua decisão a 'letalidade potencial imensurável' do grupo, considerando seu alto poder bélico e o fato de contar com integrantes treinados pelas Forças Armadas. Foram apreendidos fuzis sniper com silenciadores, lança-rojão tipo AT 34, pistolas com silenciadores, minas magnéticas e explosivos com detonação remota.



A seguir, os alvos da 7ª fase da Operação Sisamnes e seus papéis no crime:


- Aníbal Manoel Laurindo: fazendeiro apontado como mandante do assassinato. Disputa fundiária na Fazenda Lagoa Azul, em Ribeirão Cascalheiras (MT), teria motivado o crime.


- Antônio Gomes da Silva: executor de Zampieri. Disfarçado de capelão com boina e bengala, confessou ter recebido R$ 40 mil.


- Hedilerson Fialho Martins Barbosa: instrutor de tiro e dono da arma usada. Confessou que indicou o executor, mas negou pagamento.


- Etevaldo Caçadini de Vargas: coronel reformado do Exército e suposto financiador. Teria dado R$ 20 mil como sinal. Dono do canal Frente Ampla Patriótica no YouTube, publicou vídeos pedindo intervenção militar.


Caçadini também atuou como subsecretário de Integração de Segurança Pública de Minas Gerais em 2019 e recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte em 2022. A defesa do militar informou estar acompanhando as diligências da PF.


A PF investiga agora se houve algum plano concreto de atentado contra autoridades, embora a autoria do C4 na execução de Zampieri seja considerada evidente. Com base nas provas reunidas, o ministro Zanin autorizou mandados de prisão, monitoramento eletrônico e busca e apreensão.


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