MC Poze do Rodo permanece preso após decisão judicial no Rio
Audiência de custódia confirma prisão do cantor, que é investigado por apologia ao crime e associação ao tráfico; polícia aponta shows em áreas do Comando Vermelho
Por Plox
29/05/2025 17h46 - Atualizado há 3 meses
Levado descalço e algemado pelos agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o cantor MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto, teve sua prisão mantida após audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (29).

A sessão ocorreu na cadeia de Benfica, para onde o funkeiro foi conduzido após ser preso em sua casa, localizada em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A decisão da Justiça determina que ele seja transferido para Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
A operação que culminou na prisão de Poze foi deflagrada no início da madrugada, com base em um mandado de prisão temporária. Ele é alvo de investigação por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. A polícia aponta que suas músicas exaltam o uso de armas e o tráfico, além de incitar confrontos armados entre facções.
Durante a transferência para a Polinter, por volta das 11h40, o artista se pronunciou: “Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada”, declarou, criticando a atuação policial e afirmando que os criminosos das comunidades é que deveriam ser alvo da polícia.

A defesa do cantor, representada pelo advogado Fernando Henrique Cardoso Neves, afirmou que a prisão se baseia em uma “narrativa antiga” e que, caso ele não seja libertado, será protocolado um pedido de habeas corpus.
Investigações da DRE revelam que os shows de MC Poze ocorrem preferencialmente em áreas sob domínio do Comando Vermelho (CV), com a presença ostensiva de traficantes armados garantindo a segurança do evento. Ainda segundo a polícia, esses shows seriam usados pela facção para reforçar o caixa da organização, revertendo os lucros para a compra de armas e drogas.
A presença do funkeiro em bailes com traficantes armados não é novidade. Em 2020, ele já havia sido flagrado em um evento similar no Jacaré. Mais recentemente, no dia 19 deste mês, o RJ2 exibiu vídeos de um baile funk na Cidade de Deus onde Poze se apresentava enquanto criminosos mostravam fuzis sem qualquer disfarce ou receio.
Além disso, Poze foi alvo da Operação Rifa Limpa, deflagrada em novembro de 2024. A ação mirava sorteios ilegais promovidos nas redes sociais, com apreensão de carros de luxo e joias do cantor e de sua esposa, a influenciadora Viviane Noronha. Os bens foram posteriormente devolvidos por decisão da Justiça, que não encontrou provas de ligação direta com os crimes investigados.
Outros artistas e empresários do meio musical também estão sendo investigados pela polícia, entre eles Oruam, Orochi e Cabelinho, além de gravadoras suspeitas de envolvimento em eventos financiados pela facção criminosa. As investigações prosseguem para identificar todos os responsáveis e financiadores.