Moraes rebate testemunha e minimiza debate sobre 'golpe' em audiência

Ministro do STF interrompe ex-secretário de Anderson Torres ao negar relevância de opinião sobre tentativa de golpe

Por Plox

29/05/2025 08h00 - Atualizado há 4 dias

Durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (28), o ministro Alexandre de Moraes protagonizou um momento de tensão ao reagir com hostilidade ao depoimento de uma testemunha de defesa no processo relacionado à tentativa de golpe de 8 de janeiro.


Imagem Foto: STF


Antônio Ramirez Lorenzo, que atuou como secretário-executivo do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres, afirmou que, devido à sua vivência na pasta, jamais ouviu qualquer menção ao termo 'golpe'. Segundo ele, essa narrativa só estaria presente na mídia. Ele ainda destacou que, se não tivesse presenciado os acontecimentos diretamente, talvez acreditasse na versão de que houve uma tentativa golpista.


– Se eu não tivesse vivido a história do MJ, conhecido, participado das reuniões, se eu apenas estivesse em casa, sentado, assistindo televisão, eu passaria a acreditar naquilo. Só que eu estive do outro lado e nunca, jamais, houve essa palavra “golpe”. Eu só ouço na mídia, nunca se tratou – afirmou Lorenzo.



A fala foi prontamente interrompida por Moraes, que interveio de forma incisiva:


– Responda os fatos. Se o senhor acha ou não que teve golpe, realmente isso não é importante para a Corte – disse o ministro, reforçando o foco da audiência nos acontecimentos objetivos.


Além das declarações sobre a narrativa de golpe, Lorenzo também falou sobre a atuação de Anderson Torres durante as eleições de 2022. Segundo ele, as orientações recebidas no Ministério da Justiça eram voltadas exclusivamente para o combate a crimes eleitorais, sem qualquer direcionamento contra candidatos específicos.


– O objetivo era combate a ações ilícitas nas eleições e muitas vezes dissuasórias, não por um resultado efetivo de prisões – explicou.



Ele acrescentou ainda que todas as instruções recebidas seguiam os trâmites legais:


– Em nenhum momento houve qualquer tipo de direcionamento. Realmente era para o crime – reforçou Lorenzo, que atualmente atua como testemunha de defesa de Anderson Torres no processo em curso.



A audiência segue dentro do julgamento das ações penais sobre os eventos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, no início de janeiro de 2023.


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