Sindicato acusa Prefeitura de Ipatinga de repressão e descumprimento de acordo
Sind-UTE denuncia repressão com uso da Guarda Municipal e acusa administração de retaliação por mobilizações contra demissões
Por Plox
29/05/2025 14h41 - Atualizado há 2 dias
O impasse entre o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) e a Prefeitura de Ipatinga ganhou novos desdobramentos na tarde de quarta-feira (28), quando, mesmo após acordo firmado na véspera, a administração municipal se recusou a receber a diretoria sindical. A reunião havia sido acertada na terça-feira, após uma vigília realizada durante todo o dia pelo sindicato, em protesto contra demissões sumárias na rede municipal de ensino.
Ao chegar à sede da Prefeitura no bairro Cidade Nobre, as representantes do Sind-UTE foram barradas pela Guarda Municipal. A informação repassada foi de que a reunião havia sido cancelada. As entradas do prédio estavam fechadas, e as sindicalistas foram impedidas de acessar o local, mesmo durante horário de expediente. Diante da situação, a diretoria do sindicato acionou a Polícia Militar e registrou um Boletim de Ocorrência, alegando impedimento de entrada em ambiente público.

Cíntia Rodrigues, diretora da subsede do Sind-UTE em Ipatinga, relatou que o uso do aparato da Guarda Municipal para bloquear a entrada das representantes sindicais caracteriza um tratamento repressivo. “Além de não cumprirem o combinado, ainda afastaram a educação do espaço público com força policial”, disse.
Para o sindicato, o episódio representa uma retaliação direta às recentes mobilizações da categoria, que reivindica o cumprimento do Piso Salarial Nacional e melhorias nas condições de trabalho. Cíntia lembrou que as demissões coincidem com a greve de 48 horas realizada recentemente e com outras paralisações promovidas desde abril, quando a categoria entrou em estado de greve.

Segundo o Sind-UTE, a Prefeitura tem se negado a explicar as demissões e interrompeu unilateralmente as negociações com o sindicato. A dirigente sindical afirmou que a atual administração, sob comando do prefeito em exercício Pedrão e da secretária de Educação Ana Cristina, tem tratado a educação como caso de polícia.
“Usar a Guarda Municipal para reprimir a atuação do sindicato é antidemocrático e cerceia o direito à livre manifestação. Ao mesmo tempo em que ameaça prender manifestantes por desobediência, o governo pratica demissões em massa sem justificativa. Isso é imoral, uma injustiça grave”, completou Cíntia.

O Sind-UTE cobra respostas da Prefeitura e da Secretaria de Educação sobre o motivo das demissões, em um cenário onde, segundo o próprio sindicato, há falta de profissionais nas escolas municipais. A entidade promete continuar mobilizada e reforça que não se calará diante das ações do governo.
Procurada pela nossa reportagem, a prefeitura de Ipatinga relatou que, na verdade, a reunião ficou agendada para sexta-feira: "o agendamento do encontro para a próxima sexta-feira (30), às 17h, na sala de reuniões do Gabinete do Prefeito."
Confira a nota completa na íntegra:
Nota Oficial
Representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sind-UTE) estiveram nesta quarta-feira (28) no prédio da administração municipal, em Ipatinga. Durante o encontro, o Executivo municipal reafirmou seu compromisso com o diálogo e o respeito às instituições representativas dos servidores, propondo oficialmente a realização de uma reunião entre o Governo Municipal e o sindicato.
O ofício com a proposta foi entregue à representante sindical, formalizando o agendamento do encontro para a próxima sexta-feira (30), às 17h, na sala de reuniões do Gabinete do Prefeito. A reunião tem como objetivo ouvir as demandas da categoria e promover um espaço de escuta e construção conjunta.
A Prefeitura de Ipatinga reitera sua disposição em manter uma relação respeitosa, transparente e aberta ao diálogo, com foco na valorização dos profissionais da educação e na melhoria contínua do serviço público.