Governo Lula teme fortalecimento do bolsonarismo com ascensão de Trump após debate
Vitória de Trump poderia reacender o bolsonarismo no Brasil, especialmente diante das investigações sobre inelegibilidade de Bolsonaro
Por Plox
29/06/2024 09h53 - Atualizado há cerca de 1 ano
O desempenho fortalecido de Donald Trump no debate presidencial americano, realizado na quinta-feira (27), acentuou as preocupações no Palácio do Planalto quanto aos possíveis impactos para o presidente Lula (PT) com um eventual retorno do republicano à Casa Branca.

Auxiliares de Lula avaliam que uma vitória de Trump poderia revigorar a extrema direita no Brasil e o bolsonarismo, ameaçando até mesmo o STF (Supremo Tribunal Federal). Um assessor destacou que "o Biden é a certeza de que os EUA vão continuar respeitando a democracia", enquanto Trump já demonstrou seu potencial de desestabilização com o ataque ao Capitólio.
Durante o debate, transmitido pela CNN, Trump abordou energicamente temas sensíveis ao eleitorado americano, como imigração, gestão da pandemia da Covid-19, e aborto, deixando Biden em uma posição fragilizada. Lula criticou Trump no mesmo dia, relembrando o ataque ao Capitólio e afirmando que figuras como ele não são boas para a política.
Preocupações e estratégias no Planalto
No governo brasileiro, assessores minimizaram o impacto das declarações de Lula em apoio a Biden, justificando que as falas refletem a preocupação com os riscos à democracia representados por Trump. No entanto, destacaram que uma vitória de Trump poderia reacender o bolsonarismo no Brasil, especialmente diante das investigações sobre o ataque de 8 de janeiro de 2023 e a inelegibilidade de Bolsonaro determinada pelo TSE.
Cenários possíveis
Os assessores de Lula preveem dois cenários distintos para a relação com um possível governo Trump. Em um cenário otimista, questões econômicas prevaleceriam sobre disputas ideológicas, permitindo ao governo petista conduzir a agenda bilateral com pragmatismo. Já em um cenário pessimista, os laços entre Trump e Bolsonaro poderiam exacerbar tensões, com a administração americana adotando uma postura hostil contra o governo brasileiro e o STF.
A postura de Trump em relação ao Brasil poderia influenciar outros líderes de direita na região, como o presidente argentino Javier Milei, potencialmente fortalecendo uma estratégia mais ideológica. O apoio de figuras como Elon Musk a Trump e as críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes também preocupam os assessores de Lula.
Reação bolsonarista
Bolsonaristas aproveitaram as dificuldades de Biden no debate para atacá-lo nas redes sociais. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, destacou a performance fraca de Biden, reforçando a narrativa contra o democrata.
O governo brasileiro aguarda os próximos passos dos democratas nos EUA, analisando se Biden continuará como candidato ou será substituído. Um tuíte de Barack Obama na sexta-feira (28) defendeu Biden, sugerindo que "noites ruins de debate acontecem" e destacando a disputa entre alguém que sempre lutou por pessoas comuns e alguém que se importa apenas consigo mesmo.