Real tem pior primeiro semestre desde 2020; dólar quase atinge R$ 5,60
Esse resultado é influenciado pela falta de clareza sobre as trajetórias dos juros a partir de 2025, preocupações com a dívida pública e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central (BC).
Por Plox
29/06/2024 09h57 - Atualizado há 12 meses
A moeda brasileira registrou seu pior desempenho no primeiro semestre de 2024, descolando-se de outras moedas emergentes e ficando muito próxima de R$ 5,60 no mercado à vista. Esse resultado é influenciado pela falta de clareza sobre as trajetórias dos juros a partir de 2025, preocupações com a dívida pública e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central (BC).
Desempenho do dólar
Nesta sexta-feira (28), o dólar à vista subiu 1,47%, fechando a R$ 5,5883, com uma máxima de R$ 5,5990, o maior valor desde 12 de janeiro de 2022. Na semana, a moeda americana avançou 2,71%, e em junho, 6,43%. No acumulado do ano, o dólar subiu 15,14% em relação ao real, marcando o maior aumento desde os 35,51% registrados no primeiro semestre de 2020.
Comparação com outras moedas emergentes
O dólar teve um aumento mais modesto frente a outras moedas emergentes: 11,01% ante a lira turca, 7,97% contra o peso mexicano, 7,15% frente ao peso colombiano, 7,06% ante o peso chileno e 0,23% frente à rupia indiana. Em contraste, o dólar caiu 4,06% em relação ao rublo russo e 0,55% em relação ao rand sul-africano.
Mercado futuro e especulação
No mercado futuro, o contrato do dólar para agosto subiu 1,55%, alcançando R$ 5,6125. O volume de negócios somou 21,4 bilhões de dólares. Segundo Fernando César, operador de câmbio da AGK Corretora, o fortalecimento do dólar é impulsionado pelo ceticismo dos investidores quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.
Opiniões de especialistas
Fernando César afirma que "os fundamentos não estão ruins", mas o mercado precifica o risco fiscal futuro. Felipe Schuckar, da Hedgepoint, destaca que o mercado "está carente de respostas" e que há uma grande sensibilidade em relação a questões fiscais e à possibilidade de corte de juros. Ele recomenda operações de hedge para gerir o risco. Rodrigo Jolig, da Alphatree, considera que a fraqueza do real também é resultado de um "mau humor generalizado" em relação às moedas de economias emergentes e fundos que buscam valorizar o dólar.
Perspectivas e recomendações
Segundo Schuckar, o momento é de "grande instabilidade", e a recomendação é aceitar margens menores até que haja maior clareza sobre o cenário econômico. Jolig acrescenta que a tendência de alta do dólar é impulsionada por modelos de investimento que acabam comprando mais dólares, apesar de a situação fiscal do Brasil ser conhecida há mais tempo.