Uso medicinal na China leva ao abate de 6 milhões de burros por ano
Produção de 'ejiao' impulsiona comércio global de peles de burro, afetando comunidades rurais na África
Por Plox
29/06/2025 13h09 - Atualizado há 1 dia
A cada ano, aproximadamente seis milhões de burros são abatidos globalmente para atender à crescente demanda por 'ejiao', um suplemento tradicional chinês produzido a partir do colágeno extraído da pele desses animais. Essa prática tem gerado impactos significativos, especialmente na África, onde comunidades rurais dependem dos burros para atividades diárias essenciais.

Com a drástica redução da população de burros na China — de 11 milhões em 1992 para cerca de 1,5 milhão em 2023 — o país voltou-se para o continente africano para suprir suas necessidades. Essa mudança resultou em um comércio global de peles de burro, muitas vezes ilegal, afetando diretamente os meios de subsistência de famílias africanas.
Em resposta a essa crise, a União Africana implementou, em fevereiro de 2024, uma moratória de 15 anos sobre o abate de burros para exportação de suas peles. A decisão visa proteger tanto os animais quanto as comunidades que deles dependem. No entanto, a eficácia dessa medida depende da colaboração entre os países membros e da implementação de estratégias eficazes de fiscalização.
Organizações como a The Donkey Sanctuary alertam para os riscos associados a esse comércio, incluindo o aumento de roubos de burros, a disseminação de doenças devido a condições insalubres de abate e o impacto negativo sobre a segurança alimentar e a igualdade de gênero nas comunidades afetadas. A continuidade dessa prática pode levar a consequências ainda mais graves se medidas adicionais não forem adotadas para conter o comércio ilegal e proteger os burros e as populações que deles dependem.