Colar pré-histórico de 8.500 anos do Piauí é atração em mostra em SP

Peça rara da Serra da Capivara ganha destaque em exposição de arte contemporânea no Solar Fábio Prado, em São Paulo

Por Plox

29/07/2025 13h53 - Atualizado há 4 dias

Um colar confeccionado há aproximadamente 8.500 anos, descoberto no Parque Nacional Serra da Capivara, está entre os destaques da exposição \"Nem Tudo Que Reluz – Uma Exposição sobre o Adorno e a Arte Contemporânea\", inaugurada nesta terça-feira (29), em São Paulo.


Imagem Foto:  Divulgação/Paulo Pereira


A peça milenar foi localizada em 2006, no abrigo rochoso Toca do Sítio do Meio, onde há registros de ocupações humanas com até 25 mil anos. Segundo a arqueóloga Gisele Daltrini, da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), o colar foi encontrado junto a dentes humanos, vestígios de fogueiras e uma placa de ocre, o que indica possível uso ritualístico, talvez ligado a práticas funerárias. A datação da camada em que estava indica cerca de 8.500 anos.



O colar é composto por aproximadamente mil sementes de uma gramínea ainda em estudo. Embora o fio original, provavelmente vegetal, tenha se desfeito, a disposição das sementes permitiu aos pesquisadores identificar que se tratava de um adorno de seis voltas. As sementes estavam preservadas em sequência, protegidas pelo sedimento ao longo dos milênios.


A mostra, com curadoria de Ana Avelar, professora da Universidade de Brasília (UnB), reúne 32 obras produzidas por artistas mulheres brasileiras. O convite para integrar o artefato arqueológico à exposição partiu do produtor Sérgio Santos, que também colaborou com o Museu do Homem Americano. A curadora aceitou a sugestão, destacando a importância simbólica e histórica da peça para o patrimônio nacional.



Logo na entrada da exposição, o colar é exibido ao lado de obras da artista Amélia Toledo, falecida e homenageada no evento. A disposição busca ainda prestar tributo à arqueóloga Niéde Guidon, cuja atuação científica foi fundamental para descobertas como essa.


A mostra acontece no Solar Fábio Prado, antiga sede do Museu da Casa Brasileira, e está aberta ao público de forma gratuita. Os horários de visitação vão de terça a quinta-feira e aos fins de semana, das 10h às 18h, e às sextas, das 11h às 20h.


Após o término da exposição, o colar retornará ao Museu do Homem Americano, no Piauí, onde está em exibição permanente desde 2009, com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


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