Montadoras alertam Lula sobre risco de demissões com incentivo à importação

Fabricantes nacionais criticam proposta que pode favorecer veículos montados fora do país e impactar empregos

Por Plox

29/07/2025 09h01 - Atualizado há 4 dias

Uma movimentação de grande impacto partiu recentemente dos presidentes das quatro maiores montadoras do Brasil, que decidiram se unir para alertar o governo federal sobre as possíveis consequências de um plano que pode beneficiar diretamente veículos montados fora do país.


Imagem Foto: Presidência


Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eles destacaram que a implementação da proposta poderá levar à demissão de até 15 mil trabalhadores, comprometendo não só os empregos diretos, mas também a cadeia de fornecedores da indústria automotiva.


Segundo o documento, assinado pelas lideranças das montadoras e enviado em 15 de junho — ainda sem resposta oficial —, ao menos R$ 60 bilhões dos R$ 180 bilhões previstos em investimentos no setor estariam em risco. A medida em questão está sob articulação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e consiste em incentivar a importação de veículos no modelo SKD (Semi Knocked Down), com peças totalmente produzidas no exterior.



A preocupação do setor é que esse tipo de operação, adotada por muitas montadoras chinesas, tem baixo impacto na geração de empregos locais e reduz drasticamente a demanda por fornecedores brasileiros. Estima-se que, para cada 5 mil trabalhadores dispensados diretamente pelas montadoras, outras 50 mil vagas possam ser perdidas ao longo da cadeia produtiva, atingindo principalmente fabricantes de autopeças.


Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra

, alertam os executivos no texto.

As montadoras também pedem a manutenção de políticas públicas que priorizem a produção nacional e evitem a concessão de vantagens à importação de veículos com pouca agregação de valor local.



A polêmica ganhou ainda mais força nesta segunda-feira (29), quando entidades representativas do setor de autopeças, como a Abipeças e o Sindipeças, divulgaram uma nova carta ao governo, reforçando as críticas. Ambas argumentam que a possível redução de tarifas para veículos nos modelos SKD e CKD configura uma “concorrência inusitada” e implica em “renúncia fiscal injustificada”.


Para as entidades, os efeitos seriam imediatos: queda na produção, desestímulo à cadeia nacional e aumento do desemprego no setor.


– A combinação nefasta desses fatores irá, inquestionavelmente, provocar queda de produção e perda de empregos para a indústria brasileira de autopeças – declararam, em conjunto, Abipeças e Sindipeças.



A proposta do governo segue gerando resistência não apenas entre empresários, mas também junto a sindicatos ligados à indústria automotiva. A expectativa agora é de que o Palácio do Planalto se manifeste oficialmente diante da pressão crescente.


Destaques