Morre no Rio o jornalista Marcelo Beraba, fundador da Abraji
Fundador da Abraji e defensor da liberdade de imprensa, jornalista enfrentava câncer no cérebro desde março
Por Plox
29/07/2025 11h15 - Atualizado há 4 dias
Nesta segunda-feira (28), o jornalismo brasileiro perdeu um de seus grandes nomes. Marcelo Beraba morreu aos 74 anos no Rio de Janeiro, após uma batalha contra um câncer no cérebro diagnosticado em março deste ano. Ele estava internado no Hospital Copa d’Or, onde passou por uma cirurgia, mas não resistiu às complicações da doença.

Com mais de cinco décadas de atuação, Beraba se tornou um nome essencial na imprensa nacional, com passagens marcantes por redações de veículos como O Globo, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, TV Globo e O Estado de S.Paulo. Foi também idealizador e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), criada em 2002, pouco depois da morte do jornalista Tim Lopes. A iniciativa foi fruto de reuniões entre profissionais de diferentes redações, que buscavam criar uma entidade para fortalecer a liberdade de imprensa e a prática do jornalismo investigativo.
“Sem Beraba não haveria Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Sem Beraba, a Abraji não teria crescido e se consolidado como uma das maiores organizações de jornalismo investigativo do mundo, indo muito além do que seus fundadores imaginavam naquele dezembro de 2002”, afirmou Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
A trajetória de Beraba começou no Rio de Janeiro, onde nasceu em 29 de abril de 1951. Estudou no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, e viveu quase quatro anos em seminários jesuítas — primeiro em Vila Velha (ES) e depois em Mendes (RJ). Anos depois, decidiu seguir outro caminho e, em 1970, prestou vestibular para a Escola de Comunicação da UFRJ, conquistando o primeiro lugar.
Ainda antes do início das aulas, conseguiu uma vaga como estagiário de repórter no jornal O Globo, em 1971. Desde então, se tornou uma referência ética e profissional nas redações por onde passou. Beraba também foi peça-chave na organização dos maiores congressos de jornalismo do hemisfério sul, promovidos pela Abraji, sempre defendendo o jornalismo como ferramenta democrática.
O jornalista deixa a esposa, Elvira, duas filhas, dois enteados e três netos. O velório acontecerá nesta quarta-feira (30), no Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, das 12h30 às 15h30.
Sua história deixa um legado de coragem, compromisso com a verdade e contribuição inestimável ao jornalismo investigativo brasileiro.