Lula pede isenção da CPMI do INSS e defende ações do governo

Durante entrevista concedida por e-mail ao jornal O TEMPO, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) voltada ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), expressando a expectativa de que os trabalhos da comissão não sejam utilizados como ferramenta político-partidária.

Foto: Agência Brasil

Instaurada no dia 20 de agosto de 2025, a CPMI é composta por 32 parlamentares – 16 senadores e 16 deputados federais – e surgiu após pressão da oposição. O objetivo da comissão é investigar a grande fraude ocorrida entre os anos de 2019 e 2024, que resultou no desvio de mais de R$ 6 bilhões dos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS.

Em sua declaração, Lula pediu que os parlamentares atuem de forma complementar às apurações já conduzidas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal. Segundo ele, esses órgãos foram fundamentais para descobrir o esquema de fraudes e tomar medidas para solucioná-lo.

"Espero que (a CPMI) trabalhe de forma correta para cumprir o seu papel", afirmou o presidente.

O presidente reforçou que o trabalho da comissão deve servir para criar mecanismos de proteção aos segurados, prevenindo novos episódios como esse no futuro. “Que possa complementar as investigações sérias que já estão sendo feitas pelo governo federal e contribua para a criação de mecanismos que protejam, agora e no futuro, os direitos dos aposentados e pensionistas”, pontuou.

Questionado sobre o possível desgaste da imagem do governo com a instalação da CPMI, Lula foi categórico ao defender sua gestão. Ele ressaltou que foi justamente o atual governo que identificou e interrompeu os descontos irregulares, sem alarde ou espetáculos midiáticos. “Fizemos isso sem pirotecnia, mas sim com um trabalho sério da CGU e da Polícia Federal, que entraram no caso para resolver o problema, e não para ganhar manchetes”, declarou.

O presidente também destacou o andamento do processo de ressarcimento das vítimas. Segundo ele, quase 2 milhões de aposentados e pensionistas já foram reembolsados, somando um total de R$ 1,27 bilhão devolvidos aos segurados que sofreram os descontos ilegais em seus benefícios.

O escândalo envolvendo o INSS se tornou um dos maiores casos de fraude previdenciária dos últimos anos, e a CPMI tem pela frente o desafio de aprofundar as investigações sem comprometer o equilíbrio político. Lula, por sua vez, reforça a necessidade de manter o foco na justiça e na proteção dos cidadãos, afastando qualquer tentativa de instrumentalização da comissão para fins eleitorais ou partidários.