Brasil envia tropas à Amazônia em meio à tensão internacional
Mais de 10 mil militares participam da Operação Atlas 2025 enquanto aumenta a pressão dos EUA sobre a Venezuela
Por Plox
29/09/2025 11h50 - Atualizado há 14 dias
Uma das maiores ações militares da história do Brasil teve início com o envio de mais de 10 mil militares à região Norte, como parte da Operação Atlas 2025. A movimentação acontece em um momento delicado, com o aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe e novas tensões envolvendo a Venezuela.

A operação é coordenada pelo Ministério da Defesa e concentra atividades nos estados de Roraima e Amapá, regiões próximas às fronteiras com a Venezuela e a Guiana. O exercício, considerado o maior já promovido pelas Forças Armadas brasileiras, está marcado para ocorrer entre os dias 3 e 9 de outubro, sendo precedido por outras duas etapas: o deslocamento das tropas, iniciado em junho, e uma simulação em Manaus, realizada em agosto.
No centro da ação atual está a cidade de Boa Vista (RR), que recebeu tropas e equipamentos de todas as três forças militares. O Exército Brasileiro mobilizou 105 organizações militares, além de 434 viaturas, 40 blindados e nove helicópteros. A Marinha do Brasil contribuiu com o Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico (NAM Atlântico), o maior navio de guerra da América Latina.
Na última quinta-feira (25), o navio atracou em Belém (PA), transportando 1.100 militares e 435 toneladas de armamentos, incluindo mísseis, munições, viaturas leves e veículos blindados. O navio tem papel estratégico tanto na operação quanto no apoio logístico à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30).
Enquanto isso, a Venezuela realiza seus próprios exercícios militares. No sábado (27), o governo de Nicolás Maduro promoveu simulações de resposta a emergências, abrangendo desde terremotos até possíveis conflitos armados. Essas ações envolveram cerca de 400 centros de treinamento e também contaram com a participação de civis em alistamentos militares, que ocorreram em comunidades populares e quartéis do país.
\"Somos um país de paz, não queremos nenhum tipo de guerra, nenhum tipo de intervenção\", declarou o servidor público Richard Carpio, de 57 anos, durante uma das simulações.
O governo venezuelano também revelou que ativou protocolos de evacuação e preparação de refúgios em caso de conflito. A FANB (Força Armada Nacional Bolivariana da Venezuela) compartilhou imagens de exercícios com mísseis antiaéreos Pechora, de origem russa, na península de Paraguaná — a cerca de 27 km de Aruba. Também foram registrados disparos de artilharia, uso de fuzis, desembarque de veículos anfíbios em regiões litorâneas e operações com paraquedistas em zonas fronteiriças com Trinidad e Tobago.
No estado de Sucre, uma operação antidrogas resultou na prisão de 30 pessoas. A prefeita de Caracas, Carmen Meléndez, também destacou a mobilização de civis para receber instruções no forte militar Tiuna. “Se tivermos que passar para a luta armada, estejamos preparados”, afirmou.
A ofensiva dos EUA no Caribe, por sua vez, avança sob o argumento de combater o tráfico de drogas. O governo Trump posicionou oito navios de guerra e um submarino nuclear na região. Nas últimas semanas, segundo Washington, ao menos três embarcações foram destruídas por supostamente estarem carregadas com drogas — ação que resultou em 14 mortos e foi classificada como “execução extrajudicial” por especialistas da ONU.
Fontes citadas pela emissora NBC revelaram que autoridades militares americanas analisam estratégias para agir dentro do território venezuelano. Em resposta, Maduro declarou ter pronto um decreto para instaurar estado de exceção “no caso de agressão militar”.
Yván Gil, chanceler venezuelano, afirmou ter se reunido com o secretário-geral da ONU, António Guterres. De acordo com Gil, Guterres considerou “injustificada e inaceitável” a presença militar dos EUA no Caribe, acusando o país de violar a Carta da ONU e ameaçar a estabilidade regional.
A Operação Atlas segue como uma das maiores mobilizações já realizadas pelo Brasil, ocorrendo em um contexto geopolítico tenso e com potencial impacto em toda a América do Sul.