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Curitibana lança plataforma para checar histórico de violência de possíveis parceiros
Criada após um caso de feminicídio, ferramenta já conta com mais de 15 mil usuárias e utiliza inteligência artificial sueca para alertar sobre riscos em potenciais parceiros.
29/10/2025 às 06:54por Redação Plox
29/10/2025 às 06:54
— por Redação Plox
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Ao se deparar com a história de uma mulher que desconhecia o passado violento do parceiro, a curitibana Sabrine Matos, de 29 anos, decidiu criar uma solução voltada à segurança feminina. Assim nasceu a Plinq, uma plataforma que viabiliza a checagem de antecedentes criminais e de processos judiciais de possíveis parceiros românticos.
Empresária de Curitiba desenvolve plataforma que permite mulheres checarem se seus parceiros possuem antecedentes de violência
Foto: Divulgação
Plinq classifica os perfis em 'red flag', 'green flag' e 'yellow flag'
Foto: Reprodução
Inspirada por um caso de feminicídio
A ideia surgiu após Sabrine tomar conhecimento do assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, ocorrido em 2022 no Mato Grosso do Sul. Durante o relacionamento, Vanessa desconhecia os diversos processos de violência doméstica que tramitavam contra seu ex-noivo.
Eu fiquei com aquilo na cabeça. Pensei em quantas mulheres já viveram ou vivem algo parecido simplesmente por não terem acesso fácil à informação.
– Sabrine Matos
Muitas mulheres enfrentam situações semelhantes por não conseguirem acessar informações básicas sobre o histórico de violência de possíveis companheiros.
Crescimento rápido da plataforma
Lançada em maio deste ano, a Plinq já alcançou mais de 15 mil usuárias em menos de dois meses. O serviço custa R$ 97 por ano e oferece informações sobre processos criminais, mandados de prisão e outros registros públicos que possam envolver pretendentes românticos.
Com poucos cliques, a mulher consulta dados simplificados e recebe alertas categorizados em vermelho, amarelo ou verde para facilitar o entendimento dos riscos. A plataforma conta também com uma espécie de tradutor, que explica o significado de cada processo encontrado. Em casos classificados como “red flag” (bandeira vermelha), a usuária é informada sobre a existência de múltiplos processos em segredo de justiça e recebe orientação detalhada sobre como proceder com cautela.
Com base na análise dos processo judiciais relacionados a [nome do homem], tivemos acesso a múltiplas informações que indiciam a existência de processos em segredo de justiça. Essas circunstâncias dificultam determinar se ele é vítima, acusado, advogado ou outra parte envolvida, o que torna essencial uma conversa franca e uma avaliação cuidadosa antes de qualquer encontro. Recomendo, com toda atenção, que prossiga com cautela e busque conhecer melhor a pessoa, sempre priorizando a sua segurança.
– Plataforma Plinq
Já no caso de uma “green flag” (bandeira verde), a Plinq ressalta que a ausência de registros públicos não elimina totalmente os riscos, sugerindo sempre a busca por conversas abertas e ambientes seguros.
Segurança além dos relacionamentos
Usuárias como a empresária Greisa Mesquita mostram como o alcance da plataforma vai além dos relacionamentos amorosos. Inicialmente, Greisa utilizava o serviço para analisar o histórico de pessoas conhecidas por aplicativos, mas passou também a verificar motoristas e prestadores de serviços antes de quaisquer encontros.
Uma vez fui olhar o nome de um motorista de carona e descobri processos por agressão. Cancelei na hora. Hoje não encontro ninguém sem verificar antes. É um filtro. A gente não pode impedir que alguém seja violento, mas pode evitar se colocar em risco.
– Greisa Mesquita
As informações disponibilizadas pela Plinq vêm de bases públicas de tribunais e diários oficiais. Os dados são apresentados de forma geral, sem expor detalhes sensíveis dos processos, e garantem confidencialidade para usuárias e pessoas pesquisadas.
Desenvolvimento tecnológico e apoio familiar
A plataforma foi desenvolvida em parceria com Felipe Bahia e Micael Marques, tendo como base uma solução de inteligência artificial sueca que permite a criação de sites e aplicativos a partir de instruções textuais simples, dispensando conhecimentos avançados em programação. Sabrine, que já trabalhava com marketing digital, não tinha a intenção inicial de criar um negócio, mas o retorno das usuárias levou o projeto a faturar mais de R$ 250 mil e a traçar a meta de atingir três milhões de usuárias.
Minha mãe virou pra mim e falou assim: 'você trabalha com tecnologia, fica no computador o dia todo, será que não tem nada que dê pra fazer pra deixar essa informação mais acessível?'
– Mãe de Sabrine Matos
Hoje, o negócio se consolidou e segue expandindo, sempre com foco em ampliar o acesso das mulheres à informação de modo seguro e prático.
Informação como escudo contra a violência
Especialistas ressaltam que o conhecimento sobre antecedentes pode ser crucial para proteger mulheres. Segundo a advogada Alessandra Abraão, especializada em direito das mulheres, o acesso rápido a dados públicos auxilia na prevenção à violência. Para ela, é importante que essas informações sejam utilizadas com responsabilidade, para evitar injustiças e exposições indevidas.
O acesso a informações qualificadas se torna ainda mais urgente diante do cenário nacional de violência contra a mulher.
Quanto mais rápido uma mulher tem informação, mais fácil vai evitar o crime.
– Alessandra Abraão
Na Assembleia Legislativa do Paraná, tramita um projeto para criar um Cadastro Estadual de Condenados por violência doméstica, facilitando ainda mais o acesso das mulheres a esses dados. Outro exemplo é o Cadastro Nacional de Casos de Violência Doméstica e Familiar, implementado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que, mesmo restrito a integrantes do Ministério Público, serve de base para diversas ações e políticas públicas.
Contexto preocupante no Paraná
No Paraná, entre janeiro e agosto de 2025, foram registrados 158.839 casos de violência contra a mulher, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública. Desse total, 48.110 registros correspondem especificamente a casos de violência doméstica nesse período.
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