Polícia

Moradores descaracterizaram mortos para que não parecessem bandidos; conclui governo do Rio

Corpos de criminosos teriam sido removidos e despidos para simular que eram civis; operação deixou 119 mortos e 113 presos, segundo autoridades.

29/10/2025 às 16:21 por Redação Plox

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para apurar suspeitas de manipulação de provas relacionadas a corpos de criminosos mortos durante uma megaoperação no Complexo da Penha, realizada na última quinta-feira (28).


As autoridades identificaram indícios de que pessoas — supostamente moradores ou integrantes do Comando Vermelho — removeram cadáveres de áreas de mata, despiram os mortos de roupas camufladas e coletes, e os alinharam na Praça São Lucas. A intenção, segundo a investigação, seria fazer parecer que as vítimas eram civis, tentando atribuir excessos às forças de segurança.

Registros em vídeo reforçam versão policial

Imagens captadas pelas próprias forças de segurança mostram que, momentos antes dos confrontos, os mortos estavam armados e usando vestimentas táticas. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que houve troca de tiros entre criminosos e policiais, com uso de fuzis e até granadas lançadas por drones.

Temos vídeos que comprovam que esses indivíduos estavam com roupas camufladas e armamentos. Muitos aparecem depois em trajes íntimos, como se tivessem atravessado um portal. Isso precisa ser investigado – Felipe Curi, secretário de Polícia Civil

Delegacia apura possível obstrução de justiça

A apuração do caso está sob responsabilidade da 22ª Delegacia de Polícia (Penha), que investiga a conduta dos envolvidos na remoção e exposição dos cadáveres. A prática pode ser caracterizada como tentativa de obstrução de justiça e manipulação de provas.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, relatou que há registros visuais de pessoas retirando coturnos e coletes dos corpos. Além disso, informou que parte dos mortos inicialmente não foi contabilizada no balanço oficial, pois os corpos foram removidos da mata por civis.

Operação Contenção: números e estratégia

Na operação batizada de Contenção, 119 pessoas morreram, incluindo 115 apontadas como integrantes do Comando Vermelho e quatro policiais. A ação resultou ainda em 113 prisões — entre eles, 33 suspeitos de outros estados.

As forças de segurança apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e grandes quantidades de drogas, que ainda estão sendo contabilizadas.

A maior parte dos confrontos ocorreu na região de mata conhecida como Vacaria. A estratégia policial envolveu conduzir os criminosos para áreas mais altas do morro, cercadas pelo Bope, como forma de proteger a população das regiões mais densamente habitadas.

Motivações e planejamento da ação

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, explicou que o enfrentamento na área de mata teve como objetivo resguardar a vida de moradores. O planejamento da operação durou dois meses e foi baseado em um ano de investigações. A intenção era cumprir 100 mandados de prisão contra líderes do Comando Vermelho no Rio e no Pará, dos quais 81 foram cumpridos.

A alta letalidade era previsível, mas não desejada. A operação foi necessária para combater o narcoterrorismo instalado na região – Victor Santos, secretário de Segurança Pública

A ação foi marcada por grande violência e motivada pelo combate ao crime organizado, segundo as autoridades.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a