As investigações sobre um pastor preso por crimes sexuais chocam pela gravidade das denúncias. Segundo relatos colhidos pela polícia, as filhas do acusado eram forçadas a assistir uma ao estupro da outra. Além disso, as vítimas relataram que eram obrigadas a se ajoelhar sobre grãos de milho e tampas de garrafa, além de assistirem a filmes pornográficos junto ao acusado.

Tortura e abusos também cometidos contra enteados

A violência não se restringia às filhas. Os dois enteados do pastor também foram alvos de abusos sexuais e tortura. Um dos menores afirmou sofrer agressões frequentes e ameaças constantes, submetido a maus-tratos descritos pelo acusado como “castigos” para inibir denúncias contra ele.

Uma das vítimas sofreu lesões corporais graves com arame farpado, resultando em deformidade permanente.

Utilização da fé para intimidação

Após os abusos, o pastor obrigava as filhas a colocarem as mãos sobre uma Bíblia e orar junto com ele, utilizando a religião como forma de coação e silenciamento.

Denúncias vieram à tona apenas este ano

Os crimes vieram a público em 2024, quando uma das vítimas abordou o Conselho Tutelar do Recanto das Emas. A partir do atendimento, a denúncia foi formalizada e o caso chegou à polícia. O medo pela segurança da mãe, a falta de conhecimento sobre os próprios direitos e pressão de familiares paternos mantiveram as vítimas em silêncio por anos.

No total, quatro menores de idade registraram denúncias contra o acusado. Eles relataram que os crimes aconteciam tanto quando ele estava sóbrio quanto sob efeito de álcool ou drogas. Todas as vítimas tinham entre 6 e 7 anos à época dos crimes.

Operação policial e prisão

A Operação Falso Profeta foi realizada nesta terça-feira (28/10) por equipes da Seção de Atendimento à Mulher (SAM) da 27ª Delegacia de Polícia do Recanto das Emas. No momento em que soube da prisão, o suspeito tentou suicídio, sendo socorrido por colegas de trabalho e encaminhado para atendimento médico antes de ser detido.

O autor explorava a fé e se aproveitava do laço de sangue para cometer os estupros e tentar ficar impune. No entanto, a investigação conseguiu provar os crimes. – Delegado-chefe da 27ª DP, Alexandre Godinho

Acusação e permanência sob custódia

O pastor permanece sob custódia na 27ª DP e responderá por estupro de vulnerável, atentado violento ao pudor majorado, satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente, tortura e maus-tratos.

O caso evidencia um ciclo de violência que durou anos e só foi desfeito pela força da denúncia e da investigação policial.