Polícia

Caso Thainara: MP denuncia profissionais de saúde por suposta omissão de socorro após morte em GV

Cinco trabalhadores da UPA Vila Isa são acusados de não realizar manobras de ressuscitação em jovem vítima de intervenção policial, que faleceu após mais de uma hora sem atendimento efetivo.

29/10/2025 às 06:33 por Redação Plox

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Vila Isa, em Governador Valadares, finalmente se manifestou sobre a morte de Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, ocorrida em novembro de 2024 após uma intervenção da Polícia Militar. A jovem chegou ao serviço em parada cardiorrespiratória e, segundo o Ministério Público, não recebeu manobras de reanimação por parte da equipe médica.

A reclamação foi feita no início de outubro e fundamenta-se na alegação de que nenhuma manobra de ressuscitação foi realizada em Thainara, o que pode ter sido crucial para o desfecho trágico

A reclamação foi feita no início de outubro e fundamenta-se na alegação de que nenhuma manobra de ressuscitação foi realizada em Thainara, o que pode ter sido crucial para o desfecho trágico

Foto: Redes Sociais


Denúncia do Ministério Público envolve cinco profissionais de saúde

A gestão da UPA é feita pela Sociedade Beneficência Bom Samaritano, responsável pelo hospital de mesmo nome na cidade. Neste início de semana, a entidade respondeu à denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que acusa um médico, duas enfermeiras e duas técnicas de enfermagem de homicídio por omissão de socorro.

A denúncia foi apresentada no início de outubro e se baseia no argumento de que nenhuma medida de ressuscitação foi aplicada em Thainara, o que teria sido determinante para o desfecho fatal.

Hospital afirma que jovem chegou sem vida

Pela primeira vez desde o episódio, o hospital apresentou sua versão dos fatos. O diretor-técnico da instituição alegou que a paciente chegou já em óbito e que o atendimento foi efetuado com agilidade e conforme os protocolos médicos.

A paciente foi atendida pela equipe médica da UPA. No relatório médico, foi constatado que ela chegou sem pulso, sem batimentos cardíacos, não respirava e com midríase nas pupilas. Ou seja, a paciente chegou em óbito ao hospital. Recebeu todos os atendimentos devidos, de acordo com as normas das diretrizes médicas. Foi atendida prontamente e de maneira rápida por um médico muito experiente. – Alessandro Ferraz, diretor-técnico da Beneficência Social Bom Samaritano

A direção do hospital informou que recebeu a denúncia com surpresa e detalhou que há um laudo do IML atestando a causa do óbito. Uma Comissão Técnica e Clínica foi aberta para revisar todos os fatos, e um relatório deve ser concluído em breve. Além disso, a Comissão de Ética Médica também irá analisar o ocorrido.

Versão do Ministério Público sobre a omissão de socorro

Na denúncia apresentada, o MPMG sustenta que Thainara entrou na UPA em parada cardiorrespiratória e, mesmo assim, não foi submetida a nenhuma tentativa de reanimação por parte da equipe médica, embora houvesse sinais clínicos compatíveis com esse tipo de manobra.

De acordo com o documento do órgão, a omissão teria ocorrido desde o primeiro atendimento até a permanência da jovem por mais de uma hora na sala de emergência sem procedimentos efetivos. O óbito foi confirmado após a realização de um eletrocardiograma, às 22h14.

Um laudo técnico entregue pelo apoio do MP reforçou que a falta de ações médicas foi determinante.

Relembre o caso Thainara

Thainara morreu na noite de 14 de novembro de 2024 após ser detida por policiais militares no prédio onde morava, no bairro Vila dos Montes. De acordo com familiares, ela teria agido para proteger seu irmão de 15 anos, diagnosticado com autismo, quando foi contida e presa.

A Polícia Militar relatou que fazia uma operação para localizar um suspeito de homicídio ocorrido horas antes, no bairro Conquista. Os agentes disseram que Thainara interferiu na abordagem e acabou detida. Imagens amplamente compartilhadas nas redes sociais mostraram o momento em que policiais carregaram a jovem para uma viatura, enquanto cinco carros da corporação estavam parados em frente ao condomínio.

Os vídeos também captaram o momento em que os agentes tentaram conter o irmão de Thainara e impediram que ela se aproximasse. A família afirma que a jovem só queria proteger o adolescente.

Segundo a PM, houve reação dos moradores durante a ação e Thainara teria resistido à prisão. Ela teria apresentado mal-estar dentro da viatura, com ânsia de vômito, e foi encaminhada à UPA, onde teria chegado sem vida.

O laudo do Instituto Médico Legal apontou asfixia por constrição do pescoço por objeto contundente como causa da morte. Foram identificados hematomas e escoriações em várias partes do corpo, inclusive no rosto, no pescoço e no queixo. Câmeras de segurança da UPA mostram que ela passou pela triagem e entrou na sala vermelha em menos de três minutos; o óbito foi atestado às 21h14.

Thainara Vitória deixou uma filha de 4 anos.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a