Na última pregação que fez, no dia 21 de dezembro, em uma igreja evangélica de Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo, Jeremias Machado Ribeiro, de 41 anos, falou aos fiéis sobre a incerteza da vida e a importância de valorizar cada momento com a família. Dias depois, em 25 de dezembro, ele e o filho caçula, Bernardo de Barros Ribeiro, de 7 anos, morreram afogados em um rio na zona rural do município.
Jeremias Machado Ribeiro, de 41 anos, e o filho Bernardo, de 7, morreram afogados em Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo. Pai se preparava para se tornar pastor e deixa outros dois filhos.
Foto: Reprodução / Redes sociais.
Pai e filho foram sepultados no sábado (27), no Cemitério Municipal de Jerônimo Monteiro, em um velório marcado por comoção. Jeremias, que se preparava para se tornar pastor, deixa a esposa e outros dois filhos.
Presbítero da Igreja Assembleia de Deus Efraim, no Centro de Jerônimo Monteiro, Jeremias pregou pela última vez durante um culto em 21 de dezembro. Na ocasião, ele falou sobre um trecho do livro de Lucas, capítulo 19, que relata a história de Zaqueu, e relacionou a passagem ao aproveitamento do tempo e das oportunidades.
Nós não sabemos o dia e nem a hora que Jesus vai voltar, nós não sabemos o momento que ele vai nos chamar, não sabemos o dia de amanhã, então nós temos que aproveitar o momento. E o texto fala que esse homem, chamado Zaqueu, ele aproveitou aquele momento
Jeremias Machado Ribeiro, em pregação na Igreja Assembleia de Deus Efraim
O trecho da mensagem foi registrado em vídeo pela cantora Ester Fagundes, filha do pastor responsável pela igreja e amiga da família. Ela contou que as falas recentes de Jeremias chamaram atenção pela ênfase na preparação espiritual e na convivência com os familiares.
Ester relatou que, segundo o pastor de Jeremias, há cerca de um mês ele vinha enfatizando em suas pregações temas como arrebatamento e a importância de aproveitar a família e o tempo que se tem com quem se ama, o que deixou amigos e fiéis ainda mais impactados após a tragédia.
Natural do Rio de Janeiro, Jeremias morava em Itaboraí, onde trabalhava como caldeireiro. Ele viajou com a esposa e os três filhos para uma chácara da família, no interior de Jerônimo Monteiro, para passar o Natal. A volta para casa estava prevista justamente para o dia 27, quando ocorreu o sepultamento.
De acordo com familiares e amigos, Jeremias havia concluído todas as provas ministeriais com bons resultados e estava em fase de preparação para assumir o ministério pastoral. Para a família, ele representava um exemplo de fé e firmeza religiosa.
A irmã mais velha, Nilza Ribeiro Massafra, lembrou a infância e o perfil de Jeremias dentro de casa, descrevendo o irmão como alguém muito querido, dedicado aos estudos e à vida cristã, e que, segundo ela, procurava viver aquilo que ensinava na igreja.
Jeremias e o filho Bernardo se afogaram em um rio na zona rural de Jerônimo Monteiro, onde a família passava o feriado de Natal. Eles desapareceram na quinta-feira (25), e as buscas se estenderam até a sexta-feira (26), quando os corpos foram localizados no início da tarde.
As equipes iniciaram as buscas ainda no dia do desaparecimento, mas o trabalho precisou ser interrompido à noite e retomado na manhã seguinte, com apoio de mergulhadores. Os corpos foram encontrados um dia após o afogamento, em trecho do rio próximo à chácara onde a família estava hospedada.
A perícia da Polícia Científica foi acionada, e os corpos de pai e filho foram levados ao Serviço Regional de Medicina Legal (SML), em Cachoeiro de Itapemirim, para exames de necropsia. Após os procedimentos, foram liberados aos familiares.
O enterro ocorreu na manhã de sábado (27), no Cemitério Municipal de Jerônimo Monteiro, com os caixões fechados, em meio à dor de parentes, amigos, membros da igreja e moradores da cidade.
