Ações preventivas contra dengue são intensificadas em Timóteo
Além da ação no Recanto Verde, o setor de Zoonoses e Controle de Endemias mantém os serviços de rotina, atendendo os demais bairros da cidade
Por Plox
30/03/2023 13h21 - Atualizado há mais de 1 ano
A Secretaria de Saúde e Qualidade de Vida de Timóteo está intensificando as ações de enfrentamento às arboviroses em todo o município, priorizando bairros com maiores índices de infestação e aumento de notificações. Apesar da cidade estar classificada como de baixo risco segundo análise estadual, as intervenções são realizadas de forma preventiva.
No próximo sábado (1º), o bairro Recanto Verde receberá uma Ação de Visita Domiciliar de Combate às Arboviroses. A atividade incluirá orientações, vistorias domiciliares para detecção e eliminação de eventuais focos do mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela) e tratamento focal.
Os agentes de endemias se concentrarão na Unidade Básica de Saúde do Limoeiro às 8h para organizar as atividades que percorrerão as ruas do bairro Recanto Verde. Ana Amélia Camilo Soares, gerente da Vigilância em Saúde, ressalta a importância da colaboração dos moradores: "O sucesso desse trabalho depende da colaboração dos moradores que devem receber os profissionais de saúde e seguirem as orientações sobre o combate à proliferação do mosquito da dengue".
Ações contínuas e cooperação dos moradores
Além da ação no Recanto Verde, o setor de Zoonoses e Controle de Endemias mantém os serviços de rotina, atendendo os demais bairros da cidade. Ana Amélia destaca que "é um trabalho permanente que necessita da cooperação dos moradores em abrir as portas para os agentes de endemias, que trabalham uniformizados, bem como reservar dez minutos diários do seu tempo para vistoriar suas moradias eliminando os criadouros do mosquito".
A gerente também esclarece que, apesar do aumento de notificações, a maior parte dos casos suspeitos não foram confirmados após investigação.
Bloqueio e uso do "Fumacê"
No Setor 7, o enfrentamento das arboviroses conta com a ação de bloqueio utilizando a bomba costal. Sobre a utilização correta do "Fumacê" (UBV – equipamento contendo inseticida para a eliminação do mosquito), as formas, trajetórias e percursos para a aplicação do inseticida nas residências e nas áreas de alcance do mosquito são pautadas na investigação das notificações e focos. A liberação do "Fumacê" é feita pela Secretaria de Estado da Saúde, prioritariamente, quando o município está classificado de médio risco a risco muito alto. No entanto, como Timóteo está classificado em baixo risco, não há necessidade emergencial do uso do "Fumacê" (UBV pesado).
Timóteo no TOP 5 de casos confirmados
O município de Timóteo é o terceiro com mais casos confirmados na Macrorregião do Vale do Aço, com 240 casos, ficando atrás apenas das cidades de Ipatinga, 1686 e Santana do Paraíso com 286. São João do Oriente com 149 e Córrego Novo com 137, fecham a lista dos cinco primeiro.
Veja a lista completa
Cidade Casos confirmados
Ipatinga 1686
Santana do Paraíso 267
Timóteo 240
São João do Oriente 149
Córrego Novo 137
Ipaba 129
Dom Cavati 121
Vargem Alegre 116
Coronel Fabriciano 94
Iapu 40
Caratinga 30
Inhapim 26
Bom Jesus do Galho 22
Bugre 18
Joanésia 17
Piedade de Caratinga 16
Mesquita 14
Imbé de Minas 11
Naque 11
Ubaporanga 11
Belo Oriente 9
Pingo D’Água 8
São Domingo das Dores 7
Antônio Dias 6
Periquito 6
Braúnas 4
Açucena 3
Entre Folhas 3
Marliéria 3
Vermelho Novo 3
Jaguaraçu 2
Dionísio 1
Santa Rita de Minas 1
Santa Bárbara do Leste 0
São Sebastião do Anta 0
Total 3211
Sintomas
A enfermeira e referência técnica da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses, Suely Dias, explica que a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, geralmente com evolução benigna, mas que pode evoluir para formas graves. “As infecções por dengue podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas que envolvem febre (geralmente acima de 38°C, de início abrupto e duração de 2 a 7 dias), dores de cabeça e musculares, dor nas articulações e atrás dos olhos. Também podem estar presentes vômitos, diarreia e erupções cutâneas vermelhas pelo corpo”, explica.
Já a chikungunya possui fase aguda com duração de 5 a 14 dias, uma fase pós-aguda que pode durar até 3 meses e pode se tornar crônica se os sintomas persistirem após esse período. Suely detalha que, na fase aguda, há surgimento abrupto de febre alta (maior de 38,5°C), dor forte nas articulações e músculos, dor de cabeça intensa e fadiga. “As manchas vermelhas da chikungunya surgem do 2º ao 5º dia após início da febre, afetando principalmente tronco, extremidades e face. Na fase pós-aguda e crônica, quando há persistência de sintomas, eles se manifestam principalmente nas articulações, com edema e dor”, afirma.
A infecção pelo Zika vírus pode ser assintomática ou sintomática. A referência técnica explica que geralmente a doença é autolimitada, variando de 2 a 7 dias. Pode apresentar febre baixa (menor que 38,5°C) ou ausente, erupções cutâneas vermelhas de início precoce, conjuntivite não purulenta, dor e edema nas articulações, dor de cabeça e aumento dos linfonodos. Deve-se atentar para manifestações neurológicas.
Tratamento
Suely Dias explica que não há tratamento específico nem vacina para as infecções por estes vírus. A recomendação, em caso de sintomas, é para que o paciente procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação. Além disso, é importante fazer repouso e cuidar da reposição de líquidos.
No caso de dengue, é extremamente importante que haja reconhecimento precoce dos sinais de alarme e gravidade. Para chikungunya, um profissional deve ser consultado para que sejam recomendados analgésicos e tratamentos não farmacológicos como fisioterapia e exercícios.
Suely também alerta que medicamentos devem ser utilizados somente com prescrição médica e para aliviar os sintomas. “Alguns medicamentos como ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina) e outros anti-inflamatórios não hormonais (ex.: Ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco, etc.), podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue, por isso não devem ser utilizados”, pontua.
Sequelas
As consequências mais relevantes das arboviroses a longo prazo são a cronificação, nos casos de chikungunya, e a transmissão vertical (ou seja, da mãe para o feto) da Zika, podendo levar à Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus.
Considera-se fase crônica de chikungunya quando os sintomas permanecem por mais de 3 meses, especialmente as dores musculares e articulares.
Na Zika congênita, fetos expostos à infecção pelo vírus durante a gestação, podem ter seu crescimento e desenvolvimento neurocognitivo comprometidos, podendo apresentar sinais clínicos como a microcefalia.
Prevenção e controle
Embora a dengue, Zika e chikungunya tenham tendência de maior concentração de casos entre os meses de janeiro e maio, em todo o Estado, é preciso reforçar que o vetor das doenças circula durante todo o ano. Por isso, os cuidados em relação ao combate aos focos do mosquito não devem cessar.
A principal forma de prevenir a dengue e outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos) como a chikungunya, febre amarela e Zika é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Dessa forma é importante tomar cuidados com criadouros e eliminar água armazenada, como em pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, vasos de plantas e, até mesmo, recipientes pequenos. É importante também trocar a água dos animais de estimação.
Por parte da saúde estadual, as ações permanentes, adotadas para conter o avanço dos casos de dengue em Minas, vão desde a mobilização de parceiros em todo o Estado, realização de Força-Tarefa (equipe composta por agentes da Saúde Estadual e da Fundação Nacional de Saúde – Funasa) em municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação do mosquito, campanhas educativas por meio das redes sociais, mobilização da população sobre os cuidados para evitar os focos do Aedes aegypti, até a elaboração dos Planos de Contingência Estadual e Municipais para prevenção e controle das doenças transmitidas pelo mosquito.
Entretanto, a participação da população é de fundamental importância para o controle da doença, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor. Destaca-se que a inspeção na residência, com a remoção de focos com água parada, é algo que não toma muito tempo e deve ser feita rotineiramente. Como exemplo, os vasos de plantas, pneus usados como possíveis criadouros do Aedes e outros objetos e recipientes em geral que possam acumular água.