Grávidas com diabetes têm risco maior de bebês com malformações graves, revela estudo
Pesquisa aponta que 13,8% dos bebês de mães com diabetes apresentaram anomalias congênitas, com destaque para problemas cardíacos e neurológicos
Por Plox
30/03/2025 09h46 - Atualizado há 2 dias
Mulheres diagnosticadas com diabetes antes ou durante a gravidez apresentam maior probabilidade de terem filhos com malformações congênitas, segundo revelou um estudo brasileiro publicado na revista científica

A pesquisa avaliou 567 gestantes com diabetes tipo 2 pré-existente ao período gestacional. Dentre os bebês nascidos dessas mulheres, 78 (13,8%) apresentaram algum tipo de anomalia congênita. A maioria dessas alterações (93,6%) foi classificada como grave, com potencial de causar morte ou danos permanentes.
Entre as malformações identificadas, as cardíacas foram as mais recorrentes, seguidas pelas neurológicas. Os pesquisadores explicam que esse tipo de complicação está relacionado aos níveis elevados de glicose no sangue da mãe, que acabam sendo transferidos para o feto através da placenta. Esse excesso glicêmico provoca alterações em mecanismos moleculares importantes, favorecendo o desenvolvimento de distúrbios anatômicos.
Maria Lúcia da Rocha Oppermann, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enfatiza a importância do preparo pré-concepcional. Segundo ela, um controle glicêmico rigoroso, a troca de medicamentos contraindicados e o uso de ácido fólico podem reduzir significativamente os riscos de malformações.
Outro ponto destacado pelo ginecologista e obstetra Rômulo Negrini, do Hospital Israelita Albert Einstein, é o impacto das gestações não planejadas. De acordo com ele, quando não há preparo, a mulher deixa de monitorar adequadamente a diabetes, aumentando as chances de complicações. \"É essencial planejar a gestação e realizar acompanhamento médico prévio para garantir uma gravidez segura\", orienta.
Além disso, o subdiagnóstico do diabetes também preocupa os especialistas. O estudo aponta que 31,9% dos brasileiros entre 20 e 79 anos convivem com a doença sem saber, sendo que em cerca de 70% dos casos o diagnóstico só ocorre em estágios avançados.
Esses dados reforçam a necessidade de atenção redobrada à saúde da mulher antes e durante a gestação, especialmente em relação ao controle glicêmico.