Jovens começam a investir antes de trabalhar e superam pais em educação financeira

Levantamento global revela que geração Z inicia vida financeira mais cedo e aposta em ativos digitais, renda fixa e fundos

Por Plox

30/03/2025 18h20 - Atualizado há 2 dias

A geração Z está assumindo protagonismo quando o assunto é educação financeira. Jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010 têm iniciado sua jornada como investidores antes mesmo de conquistar o primeiro emprego formal, revelando uma mudança de comportamento em relação às gerações anteriores.


Imagem Foto: Pixabay


É o que mostra o estudo Global Retail Investor Outlook 2024, do Fórum Econômico Mundial, realizado em parceria com o Boston Consulting Group e a Robinhood Markets. O levantamento ouviu 13 mil pessoas maiores de 18 anos em 13 países, incluindo o Brasil, e revelou que 36% dos jovens da geração Z já poupam antes de começarem a trabalhar. Em contraste, apenas 17% dos millennials, 10% da geração X e 8% dos baby boomers fizeram o mesmo.


Esse cenário foi impulsionado por fatores como a pandemia, que reduziu gastos e ampliou o tempo em casa, além da facilidade de acesso a plataformas de investimento. Influenciadores digitais e conteúdos educativos também contribuíram para o crescimento do interesse pelo tema.



Vitor Ross Benavides, de 26 anos, começou a investir após voltar a morar com os pais durante a pandemia. Sem grandes despesas, ele decidiu guardar dinheiro e buscou orientação em vídeos no YouTube. Hoje, aplica em renda fixa, com foco em casa própria, aposentadoria e viagens. Seus pais, por outro lado, não investem: o pai chegou a perder dinheiro ao confiar em uma plataforma de criptomoedas recebida por spam.


O estudo mostra que o conhecimento financeiro também impacta a confiança: 40% dos jovens Z e millennials afirmam entender o mercado e sentir segurança nas decisões, enquanto apenas 27% da geração X e 20% dos boomers compartilham da mesma certeza.


Maria Antônia Carvalho Deziderio, de 24 anos, começou a investir em 2020 com apenas R$ 20 por mês. Em 2021, aumentou os aportes e migrou da poupança para fundos de renda fixa e fundos imobiliários. Apesar da disciplina, ela relata insegurança ao lidar com a renda variável.



Artur Rovere, 27, iniciou os investimentos com bônus do trabalho e priorizou aplicações seguras como LCA e debêntures. Influenciou os pais e recentemente utilizou parte do dinheiro para adquirir um imóvel. Seu foco é preservar o valor do dinheiro, mesmo sem buscar grandes rendimentos.


O relatório aponta que 26% das pessoas não investem por não entenderem os produtos financeiros, enquanto 21% alegam falta de alinhamento com seus objetivos ou imprevisibilidade. A falta de recursos é o principal impedimento atual, superando o medo de perder dinheiro, que era o fator dominante dois anos atrás.



Matheus Zamboni, 22 anos, investe em criptomoedas como bitcoin, ethereum, solana e XRP, além de ações, CDBs, Tesouro Direto e fundos imobiliários. Ele começou a investir com a mãe durante a pandemia, e os dois compartilham os mesmos tipos de ativos. A pesquisa aponta que metade dos jovens tem pais com contas de investimento, enquanto apenas 34% da geração X e 22% dos boomers têm esse hábito.


Jovens também são mais abertos à tecnologia: 41% aceitariam conselhos de inteligência artificial para decisões financeiras e 48% deixariam que uma IA gerenciasse seus investimentos. Além disso, 42% da geração Z consideram frequentemente o impacto ambiental e social antes de investir, número superior ao das gerações mais velhas.



De olho nesse público, o Banco do Brasil lançou recentemente dez fundos de investimento voltados para clientes entre 8 e 17 anos. Ao todo, a instituição oferece 12 fundos com diferentes estratégias, entre renda fixa e multimercado.


O potencial econômico dessa geração é expressivo. A estimativa é que a geração Z acumule US$ 74 trilhões até 2040, partindo de US$ 9 trilhões em 2023, segundo o Bank of America. Já a gestora Cerulli calcula que US$ 124 trilhões passarão das mãos dos boomers para as gerações mais jovens até 2048.


No recorte brasileiro, 89% dos participantes afirmaram conseguir arcar com os custos diários, mas apenas 57% poderiam enfrentar uma despesa inesperada. Além disso, 43% têm receio de que suas economias não durem a vida toda, e 31% enfrentam dificuldades com dívidas.


Para organizar as finanças, 40% dos brasileiros usam aplicativos de orçamento, contra média global de 27%. Também se destaca a aceitação do Open Finance no país: 60% aceitariam compartilhar dados com instituições, ante 47% nos países desenvolvidos.



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