Câmara impõe prazo final ao governo para evitar aumento do IOF

Deputado Hugo Motta exige que alternativa seja apresentada até 10 de junho, sob risco de medida ser derrubada no Congresso

Por Plox

30/05/2025 08h37 - Atualizado há 4 dias

O governo federal tem até o dia 10 de junho para apresentar uma proposta que substitua o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), segundo advertência feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Caso isso não ocorra, o Congresso votará um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para anular a medida, conforme adiantou o parlamentar após reunião com o Colégio de Líderes.


Imagem Foto: Câmara dos Deputados


Motta criticou duramente a possibilidade levantada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o decreto em caso de revogação pelo Legislativo. Para ele, judicializar o tema representaria um grave erro político. O deputado também rechaçou a ameaça de congelamento de emendas parlamentares como represália. “Se o governo judicializar uma decisão legítima do Congresso, estará cometendo um grande equívoco”, frisou.



O parlamentar defende que o Executivo utilize o prazo para apresentar uma proposta sólida de ajuste fiscal. Ele sugeriu, por exemplo, a revisão de isenções fiscais e desonerações como alternativa ao aumento do imposto. Segundo Motta, a Câmara está disposta a debater medidas estruturantes, inclusive cortes em emendas, desde que haja transparência e participação de todos os Poderes.


Durante sua fala, Hugo Motta também cobrou envolvimento direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões. Para o deputado, a presença do chefe do Executivo é essencial para o avanço de uma solução responsável para o equilíbrio das contas públicas.



Na defesa do aumento do IOF, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a retirada da medida sem uma fonte de receita alternativa pode levar a cortes severos em áreas essenciais como saúde, educação e programas sociais. Ele ressaltou que o imposto incide majoritariamente sobre setores de maior renda e investidores de produtos financeiros sofisticados, rebatendo críticas de que a medida penalizaria os mais pobres.


Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da oposição, disparou contra o aumento do IOF e acusou o governo de má gestão. Segundo ele, a medida transfere para a população o custo da “gastança” e agrava problemas como inflação e juros altos. Ele também criticou o ministro Haddad por não dialogar, nem mesmo dentro do próprio partido.



O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, informou que o governo federal tentará nos próximos dias apresentar uma alternativa viável. Ele alertou que a derrubada do decreto sem contrapartidas provocaria um impacto negativo substancial nas contas públicas de 2025. Ceron comparou a arrecadação esperada com a elevação do IOF, cerca de R$ 20,5 bilhões, aos orçamentos do Minha Casa Minha Vida e do Ministério da Defesa juntos.


“Se essa receita for perdida, será como extinguir esses programas inteiros. Isso mostra a importância de encontrar uma solução responsável e equilibrada”, afirmou Ceron, durante a apresentação dos dados do Resultado do Tesouro Nacional de abril.



O secretário destacou ainda que o Brasil vive um momento favorável em termos sociais, com queda no desemprego e aumento da renda familiar. Para ele, o envolvimento do Congresso na formulação de alternativas fiscais pode contribuir para a redução dos juros no longo prazo e a atração de novos investimentos.


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