Governo Lula libera R$ 1,5 bi em emendas em semana de derrota no Congresso

Liberação recorde de recursos parlamentares coincide com rejeição do aumento do IOF por deputados e senadores

Por Plox

30/06/2025 11h14 - Atualizado há cerca de 17 horas

Durante a mesma semana em que enfrentou um dos momentos mais críticos de sua gestão no Congresso Nacional, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empenhou R$ 1,5 bilhão em emendas parlamentares, numa tentativa de conter o desgaste político.


Imagem Foto: Câmara dos Deputados


Na terça-feira, 24 de junho, véspera da votação que culminou na derrubada do decreto que aumentava o IOF, foram empenhados mais de R$ 831 milhões — o maior valor diário liberado neste ano de 2025, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop).



O volume total de emendas empenhadas desde o início do ano já ultrapassa os R$ 2,3 bilhões. No entanto, o pagamento efetivo dessas emendas permanece baixo: cerca de R$ 465 milhões foram de fato executados, o que vem gerando forte insatisfação entre deputados e senadores.



Essa insatisfação, inclusive, esteve no centro das articulações que levaram à votação que cancelou o aumento do IOF, mesmo após tentativas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de negociar alternativas.
“Essa votação será simbólica para refletir o sentimento da Casa”

, disse o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), antecipando o clima desfavorável ao governo.


Na terça-feira anterior (17), já havia sido aprovada a urgência do projeto que derrubaria o decreto, sinalizando a pressão crescente sobre o Palácio do Planalto. Diante do impasse, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, intensificou a liberação dos recursos, numa estratégia para conter o avanço das dissidências e evitar um revés ainda mais expressivo.



Além disso, Hoffmann chegou a elogiar publicamente a atuação de Motta na condução da Câmara, numa tentativa de demonstrar respeito e apaziguar os ânimos entre os poderes. Mesmo assim, o governo não conseguiu impedir que tanto a Câmara quanto o Senado derrubassem o decreto, fazendo com que o IOF voltasse às suas alíquotas anteriores.



Analistas apontam que essa movimentação tem também um componente eleitoral, com partidos de centro-direita e do Centrão se reposicionando para as eleições de 2026, muitas dessas siglas já sinalizando que não devem apoiar Lula numa possível tentativa de reeleição.



Agora, o governo avalia acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão legislativa, e o caso já está sob análise da Advocacia-Geral da União, comandada pelo ministro Jorge Messias.


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