Moraes rejeita pedido da defesa de Bolsonaro e mantém andamento de processo

Ministro do STF nega solicitação para manifestação da PGR sobre conta atribuída a Mauro Cid e reforça que ação penal seguirá sem atrasos

Por Plox

30/06/2025 20h53 - Atualizado há cerca de 6 horas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recusou nesta segunda-feira (30) um pedido apresentado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A solicitação visava que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse sobre uma conta no Instagram atribuída ao tenente-coronel Mauro Cid antes da apresentação das alegações finais na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.


Imagem Foto: STF


Em sua decisão, Moraes enfatizou que não permitirá \"tumulto processual\" e que o curso da ação penal seguirá normalmente, com as questões sendo analisadas no momento adequado. Na semana passada, o ministro havia estabelecido um prazo de 15 dias para que a PGR apresentasse seu posicionamento no processo, no qual deverá defender a absolvição ou condenação de Bolsonaro e dos demais réus. Essa etapa antecede a elaboração do voto do relator e a marcação do julgamento pela Primeira Turma do STF.



A defesa de Bolsonaro questiona a delação premiada de Mauro Cid, após a revelação de novas conversas entre o tenente-coronel e um dos advogados do processo, nas quais Cid discute a investigação da Polícia Federal. Documentos fornecidos pela Meta confirmaram que o perfil no Instagram atribuído a Cid foi criado com um e-mail do próprio militar. O advogado Celso Vilardi, representante de Bolsonaro, argumentou que as informações indicam que Cid foi responsável pela criação da conta. No entanto, em depoimento recente à Polícia Federal, Cid negou ter utilizado o perfil.



A defesa também destacou que os dados apresentados pela Meta mostram que a conta foi criada usando um e-mail de Mauro Cid e que houve verificação desse endereço. Além disso, foi identificado que, em um mesmo dia, houve acessos ao Instagram e ao e-mail com diferença de apenas um minuto. O protocolo de identificação (IP) de um dos acessos foi rastreado na mesma região em que Cid reside, em Brasília, e o número de registro da conta foi utilizado pelo militar.
\"O que, portanto, tem se revelado nestes autos é que as mentiras do delator não só têm se amontoado, como também são cada vez mais descaradas e, aparentemente, envolvem destruição de prova\",

afirmou Vilardi, acrescentando que a conta foi deletada.


Em seu depoimento à Polícia Federal, Mauro Cid negou ter criado o perfil e disse não saber quem o fez. Ele também declarou não utilizar redes privadas (VPN) para mascarar sua localização. Além disso, Cid negou ter conversado com o advogado Eduardo Kuntz pela plataforma. No entanto, conversas divulgadas pela revista Veja indicam que Cid rompeu o sigilo da delação e discutiu os termos de seus depoimentos com terceiros. Os diálogos teriam ocorrido entre o tenente-coronel e Luiz Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara — assessor de Jair Bolsonaro na época da presidência e também réu no inquérito do golpe. Kuntz admitiu ao STF que manteve essas conversas com Mauro Cid.



Com a decisão de Moraes, o processo segue para as alegações finais, com a PGR tendo 15 dias para apresentar seu posicionamento. Em seguida, a defesa de Mauro Cid terá o mesmo prazo, seguido pelas defesas dos demais réus, incluindo Bolsonaro. Após essa fase, o ministro relator elaborará seu voto, e o caso será encaminhado para julgamento na Primeira Turma do STF.


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