MP Militar desmente suicídio e denuncia ex-soldado por morte em quartel

Investigação aponta que Wenderson Nunes Otávio foi morto por colega durante manuseio imprudente de arma; comandante teria imposto versão de suicídio

Por Plox

30/06/2025 12h00 - Atualizado há cerca de 12 horas

Em 15 de janeiro de 2025, o soldado Wenderson Nunes Otávio, de 19 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro. Inicialmente, o Exército comunicou à família que o jovem havia cometido suicídio após problemas pessoais.


Imagem Foto: ARP


No entanto, a investigação conduzida pelo Ministério Público Militar revelou uma versão diferente dos fatos. Testemunhas relataram que o ex-soldado Jonas Gomes Figueira costumava manusear armas de forma imprudente dentro do quartel. No dia da tragédia, ele teria apontado uma pistola 9mm para Wenderson, acreditando que estivesse descarregada, e efetuado o disparo acidentalmente.



O laudo pericial indicou que o tiro foi disparado de cima para baixo, a uma distância superior a um metro, enquanto Wenderson estava sentado, calçando o coturno. Esses detalhes contradizem a hipótese de suicídio, reforçando a tese de homicídio culposo.



Além disso, o terceiro-sargento Alessandro dos Reis Monteiro foi denunciado por negligência, por não ter fiscalizado a entrada da arma no alojamento, o que é proibido pelas normas das Forças Armadas.



Testemunhas também afirmaram que o comandante do batalhão, Douglas Santos Leite, reuniu a tropa após o incidente e determinou que todos sustentassem a versão de suicídio, proibindo qualquer contato com a família de Wenderson.
\"Ele foi no sepultamento, o comandante Douglas, e falou para eu confiar nele, que ele ia chegar no autor. E, assim, como que eu ia confiar nele? Eu entreguei o meu filho vivo, me entregaram o meu filho morto, ainda mentiram, falaram que ele tirou a própria vida. Absurdo isso\"

, declarou Adilson Firmino Rosa, pai de Wenderson.


A defesa de Jonas Figueira afirmou que encara a denúncia com tranquilidade, garante sua inocência e acredita que isso ficará provado no andamento do processo. O Exército, por meio de nota, declarou que todas as ações do Comando do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista seguiram as normas e atribuições regimentais.



A mãe de Wenderson, Cristiana da Silva Nunes, expressou alívio ao ver a verdade vindo à tona:
\"Claro que a dor não vai passar, mas estou aliviada em saber que a Justiça está sendo feita\"

.


O caso segue em tramitação na Justiça Militar, e a família espera que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados pela morte de Wenderson.


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