Bolsonaro admite não ter provas de supostas fraudes em urna eletrônica

TSE e outros órgãos independentes já explicaram diversas vezes que o sistema é auditável e seguro

Por Plox

30/07/2021 09h04 - Atualizado há mais de 2 anos

Após três anos afirmando que há fraudes na votação via urnas eletrônicas do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu, nessa quinta-feira (29), que não tem provas das acusações que fez sobre a suposta insegurança das eleições no país. O próprio presidente já foi desmentido nesse tema por órgãos oficiais e independentes de Estado. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já explicou que os próprios partidos fazem parte da conferência de votos (saiba mais abaixo).

"Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas", disse. "Não temos provas, vou deixar bem claro, mas indícios que eleições para senadores e deputados podem ocorrer a mesma coisa. Por que não?", completou.

Bolsonaro durante live nessa quinta-feira: sem provas de fraudes. Foto: reprodução/ TV Brasil

 

A transmissão fez parte da live semanal que o atual presidente faz aos seguidores dele no Facebook. Especiamente nessa quinta, porém, Bolsonaro convocou a imprensa, afirmando que mostraria as comprovações das afirmações sobre as urnas, e exibiu o pronunciamento, ao vivo, também pela TV Brasil.

Durante duas horas, ao invés de cumprir o prometido, Bolsonaro acabou admitindo que não tem como comprovar que há fraude no sistema ou que houve manipulação de votos na última eleição - pleito, aliás, que ele foi o vencedor.

Ao invés disso, Bolsonaro apresentou diversas notícias falsas sobre as eleições brasileiras, assuntos que já foram desmentidos diversas vezes por órgãos oficiais de Estado - ou seja, que não estão ligados a governos ou partidos, e sim à manutenção do Estado democrático.

Urna eletrônica

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão máximo de controle das eleições no país, a apuração das urnas eletrônicas pode ser conferida pela população ao fim de cada eleição. Além disso, a Justiça Eleitoral utiliza tecnologias de segurança da informação que garantem a segurança do pleito.

"Esses mecanismos foram postos à prova durante os Testes Públicos de Segurança realizados em 2009 e 2012, nos quais nenhuma tentativa de adulteração dos sistemas ou dos resultados da votação obteve êxito. Além disso, há diversos mecanismos de auditoria e verificação dos resultados que podem ser efetuados por candidatos e coligações, pelo Ministério Público (MP), pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo próprio eleitor", informou o órgão.

Urna eletrônica é usada em pelo menos 46 países no mundo, segundo TSE. Foto: divulgação/ TSE

 

Um dos procedimentos de segurança que pode ser acompanhado pelo eleitor é a Cerimônia de Votação Paralela. Na véspera da eleição, em audiência pública, são sorteadas urnas para verificação. Essas urnas, que já estavam instaladas nos locais de votação, são conduzidas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e substituídas por outras, preparadas com o mesmo procedimento das originais.

No dia das eleições, também em cerimônia pública, as urnas sorteadas são submetidas à votação nas mesmas condições em que ocorreria na seção eleitoral, mas com o registro, em paralelo, dos votos depositados na urna eletrônica. Cada voto é registrado numa cédula de papel e, em seguida, replicado na urna eletrônica, tudo isso registrado em vídeo. Ao final do dia, no mesmo horário em que se encerra a votação, é feita a apuração das cédulas de papel e comparado o resultado com o boletim de urna.

Outro mecanismo bastante simples de verificação é a conferência do boletim de urna. Ao final da votação, o boletim com a apuração dos votos de uma seção transforma-se em documento público.

O resultado de cada boletim pode ser facilmente confrontado com aquele publicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na Internet, seja pela conferência do resultado de cada seção eleitoral, seja pela conferência do resultado da totalização final. Esse é um procedimento amplamente realizado pelos partidos políticos e coligações há muito tempo e que também pode ser feito pelo eleitor.

Saiba mais sobre a segurança das urnas no site do TSE (clique aqui).

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